Uma ambulância dos bombeiros socorreu ontem à tarde uma jovem atingida numa perna por um bloco de cimento que se desprendeu das ruínas da antiga esplanada da Matiota. Segundo Thiery Fortes, eram umas seis pessoas que estavam em cima do bloco quando este cedeu ao peso e rolou. “Jasmin estava de pé, caiu e foi atingida numa perna. Eu também fiquei ferido na canela, mas não sei dizer como”, conta essa testemunha.
Este incidente aconteceu numa altura em que um carro de patrulha da Polícia Nacional passava pela “praia”. Foram os agentes da PN que acionaram os bombeiros, que chegaram ao local em pouco tempo.
Este caso pode parecer sem importância, mas a verdade é que Matiota continua a ser frequentada por várias pessoas, que ali passam o dia e fazem até os seus piqueniques. No entanto, o local esconde vários perigos além de estar com um aspecto totalmente abandonado e sujo. Uma imagem que hoje se contrasta com a magnitude e beleza da antiga Matiota, que foi a praia mais emblemática de S. Vicente. Ainda no tempo colonial, esse sítio hoje soterrado pelos estaleiros da Cabnave já possuía uma residencial, uma esplanada e um parque de estacionamento. Verdade é que nessa época quase ninguém ligava à praia da Lajinha, hoje a coqueluche dos mindelenses.
Inconformados com o cenário que a Matiota hoje apresenta, um grupo de amigos tem tentado resgatar essa zona balneária e, por arrastamento, a sua memória. O emigrante Rui Almada teve a iniciativa de arranjar os degraus do trampolim e juntaram-se a ele dois amigos de Chã de Alecrim, um deles dono de uma empresa de construção civil, que elaborou um projecto de recuperação da antiga piscina e do espaço envolvente. O mesmo foi apresentado à Enapor e ao ministério da Economia Marítima, que demonstraram interesse em apoiar a sua concretização, mas o grupo mentor nunca conseguiu um encontro com o edil da Câmara de S. Vicente. O projecto, que iria melhorar a imagem da zona e dar mais conforto e segurança aos banhistas, foi encaminhado para a autarquia em Julho de 2018, mas nunca mereceu a atenção desta autoridade.
Deste modo, o projecto continua engavetado e, conforme fonte do Mindelinsite, a sua concretização não iria custar um tostão aos cofres municipais. Isto porque a empresa de construção civil iria mobilizar maquinaria e amigos de Chã d’Alecrim residentes nos Estados Unidos estavam dispostos a angariar fundos para financiar a obra. Refira-se que há muita especulação sobre a situação do terreno que envolve essa área.