Desde que foi decretado o Estado de Emergência nas ilhas, em que as actividades de lazer e diversão foram suspensas para se evitar o risco de contágio e propagação da doença, o ramo da estética enfrenta novos desafios com a acentuada diminuição da procura por este tipo de serviço. A vertente da maquiagem parece ter sofrido mais e mostra-se como a que mais adaptações irá exigir nesta nova realidade. É que o make-up completo foi “substituído” pela máscara.
Cynthia Ramos, da Imperatriz Studio, que trabalha com a maquiagem há algum tempo, foi, como todas as colegas, surpreendida por esta ameaça global provocada pelo novo coronavírus. A sua clientela já tinha sido conquistada, dando cobertura em eventos e festas, principalmente nos casamentos e batizados, que lhe asseguravam um rendimento mensal.
O seu trabalho, que envolve decoração e produção de lembrancinhas para eventos, estética (maquiagem, manicure, pedicure e sobrancelhas) e venda online com uma marca própria de roupas e acessórios, esteve praticamente parado durante o EE, por serem áreas interligadas. “A partir do momento em que não há eventos e nem lugar aonde ir a procura pelos nossos serviços diminui. Mesmo para as festas ou cerimónias mais íntimas, com poucas pessoas, a tendência das pessoas tem sido cortar nos gastos”, garante Cynthia. Ela que viu estagnar também as encomendas à sua marca, que já vendia também no exterior, devido ao cancelamento dos vôos internacionais.
A saída temporária que encontrou foi fazer doces de côco e colocar à venda nos supermercados, como uma forma também de não ficar parada. Aproveitou ainda a quarentena para apostar na sua capacitação, aderindo a formações à distância na área da estética.
Neste momento já retomou as suas atividades, mas com um fluxo baixo ainda de clientes e com novos desafios pela frente. Esta jovem não acredita na “normalização” da situação, que as coisas voltem a como dantes e aponta como principal desafio o manter a maquiagem, por causa das máscaras. “Normal acho que não voltaremos a estar tão cedo. Ficar a colocar e retirar máscaras vai estragar a maquiagem. Teremos de adaptar-nos à situação porque o vírus não vai desaparecer enquanto não houver uma vacina“, entende essa maquiadora.
Maddie Tavares também viu cair drasticamente a clientela que ia atrás dos seus serviços, desde o confinamento obrigatório. Começou a sentir os efeitos logo em meados de Março e durante toda quarentena não teve qualquer rendimento, porque as diretrizes eram para as pessoas ficarem em casa.
Sem os grandes eventos, a jovem maquiadora exerce a sua outra função como designer de sobrancelhas, enquanto espera pela liberação de casamentos e batismos para poder retomar o serviço também de “make up”.
As medidas que tem adotado no seu estúdio em casa são marcar cada cliente a sua hora, com aviso de que não podem ir acompanhadas e que devem fazer o uso de máscaras.
Maddie Tavares, tal como Cynthia Ramos, mostram-se conscientes dos tempos difíceis que o ramo enfrenta e da necessidade de se reinventarem para manterem o negócio.
Sidneia Newton (Estagiária)