PM anuncia uso alargado de máscaras faciais e de testes rápidos para Covid-19
O Primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva anunciou na manhã de hoje, em mensagem dirigida à nação cabo-verdiana, o reforço das medidas de precaução em saúde pública relativas a protecção individual, higienização e vigilância. Do leque destaca-se o uso obrigatório de máscaras em espaços de atendimento ou que impliquem contacto com o público. O Chefe do Executivo recomendou ainda aos cidadãos, com especial atenção aos mais vulneráveis, o uso de máscaras após o levantamento do Estado de Emergência.
Em tom incisivo, o responsável do Governo determinou que, enquanto a situação das ilhas assim o determinar, passará a ser obrigatório o uso de máscaras faciais em espaços interiores fechados de atendimento ou que impliquem contacto com o público, quer por parte dos trabalhadores, quer por parte de utentes ou clientes. Esta medida é extensiva a todos os cidadãos, particularmente em situação de aglomeração de pessoas. “As pessoas vulneráveis, nomeadamente com mais de 65 anos de idade, com doenças crónicas e em estado de imunosupressão devem usar máscaras cirúrgicas ao saírem de casa”, recomendou ainda.
Para isso, explicou, as empresas que operam no país estão a ser certificadas para produzirem máscaras comunitárias ou sociais, com incentivos fiscais e aduaneiros por forma a que os preços sejam mais acessíveis aos cidadãos. Sobre este particular, disse, medidas de acção social serão accionadas para permitir o acesso as máscaras por parte dos mais vulneráveis em termos económicos e sociais, inscritos no Cadastro Social Único.
“Investimentos estão a ser feitos para dotar o país de um stock de máscaras cirúrgicas, profissionais e comunitárias para os próximos seis meses. Serão implementadas medidas de organização dos serviços públicos, de higienização regular e obrigatória nos espaços de atendimento ao público, incluindo nos transportes públicos de passageiros – aéreos, marítimos e rodoviários -, portos e aeroportos”, detalhou.
Paralelamente, indicou, haverá incentivo para produção e comercialização de gel desinfectante. Aliás, já na próxima terça-feira o Governo pretende levar para o Parlamento para aprovação uma lei que cria incentivos fiscais para a produção nacional de máscaras comunitárias e álcool-gel para poder baixar os preços de acesso a todos os cidadãos.
Alargamento de testes rápidos
Outra novidade avançada pelo PM foi o alargamento de testes rápidos. Para isso garantiu que já na próxima semana estarão disponíveis cerca de 50 mil testes. “Estou convencido que vamos vencer este combate. Mas este vírus não pode ser eliminado de forma administrativa e nem por lei. Vai continuar a conviver com as pessoas. Por isso que é exigido e recomendado que, mesmo depois do EE, continuemos a nos proteger. Vencer este combate significa um forte comprometimento de todos. As regras não foram impostas para chatear ninguém e nem para criar problemas, tão pouco para beneficiar instituições, Estado ou Governo. Foram criadas e impostas para proteger pessoas, famílias e comunidades. Não há contrapartidas relativamente a protecção da saúde”.
Para Correia e Silva, ficar em casa é uma obrigação para proteger a saúde. Infelizmente, admitiu, isto não está a acontecer com rigor na cidade da Praia, onde a situação está difícil e pode complicar se as pessoas não cumprirem as regras. Aliás, referiu, o quadro epidemiológio neste momento na cidade da Praia e na ilha da Boa Vista recomenda uma especial atenção. “Os serviços de Saúde, da Protecção Civil e as forças de segurança estão a colocar todo o empenho na contenção da propagação do covid-19 na ilha de Santiago e da Boa Vista. Este esforço de contenção só será eficaz se o cumprimento por parte das pessoas das regras de distanciamento social e de confinamento em casa for respeitado com rigor”, pontuou.
Festas e festivais continuam suspensos
Numa altura em que se caminha a passos largos para o fim do Estado de Emergência determinado por lei, o PM deixou claro que isto não põe fim ao covid-19 e nem elimina a possibilidade de infecção e de contágio. Significa apenas que o confinamento em casa deixa de ser obrigatório, mas as pessoas precisam continuar vigilantes e ter cuidado nos contactos com outras. “Com o fim do EE os serviços, as empresas, as organizações e instituições públicas e privadas podem começar a funcionar. Mas devem acautelar e implementar medidas que garantem a protecção dos trabalhadores e dos utentes. É importante continuar a conciliar, na medida do possível, o trabalho presencial com o feito em casa ou teletrabalho”, recomendou Ulisses Correia e Silva.
Este deixou claro que as restrições relacionadas com a realização de eventos e de actividades que envolvem a aglomeração de pessoas ou que aumentam os riscos de contagio continuarão a ser aplicadas mesmo depois do EE. E serão levantadas progressivamente, de acordo com a situação epidemiológica de cada ilha. “Não vamos regressar aos festivais, festas ou quaisquer outras actividades que implicam um ajuntamento significativo de pessoas. As restrições de visitas a lares, centros de idosos, hospitais e outros estabelecimentos de saude e prisionais, bem como aos transportes aéreos e marítimos de passageiros entre as ilhas vão manter-se e serão levantadas de acordo com a situação epidemiológica do país e de cada ilha.O levantamento de restrições nos transportes aéreos e marítimos de passageiros internacionais dependerá do contexto interno e externo.”
Em jeito de aviso, o PM alertou para a necessidade de se apreender a conviver com o vírus, com menor intensidade de propagação possível, pois ele não vai desaparecer rapidamente, nem em Cabo Verde e nem em qualquer outro pais do mundo. Segundo Correia e Silva, este é o entendimento de cientistas, investigadores e da Organização Mundial da Saúde. Por isso, é necessário estar vigilante, continuar a cumprir as regras de distanciamento social e de protecção individual, num ambiente de maior mobilidade e liberdade de circulação de pessoas. Até que esteja disponível uma vacina, é preciso continuar a prevenir e a proteger.
Antes da intervenção do PM, o Director Nacional da Saúde fez um enquadramento sobre o uso alargado de máscaras e de testes em Cabo Verde no contexto da saída do EE. Artur Correia defendeu que todas estas medidas fazem sentido porque, no caso das máscara, ajudam a reduzir o risco de propagação do novo coronavirus. Relativamente à utilização alargada de testes de forma progressiva, este alertou que deve obedecer aos limites da sua disponibilidade no país e estar em sintonia com o Plano de Contingência, sem prejuízo de uma utilização mais global. Serão, no entanto privilegiados os doentes que recorrem aos serviços de saúde com sintomatologia gripal, profissionais de Saúde, bombeiros, agentes de desinfecção, pessoas que lidam com doentes com Covid-19 e contactos.
Constança de Pina