Covid-19: Artur Correia considera prematuro prever o levantamento ou a prorrogação do Estado de Emergência
O Director Nacional da Saúde considera ainda muito prematuro prever o levantamento ou a prorrogação do Estado de Emergência decretado pelo Presidente da República até o dia 17 de Abril. Como relembra, o período ainda vai a meio caminho pelo que é preciso mais tempo para as autoridades sanitárias munirem de dados precisos sobre a evolução do quadro epidemiológico, apesar do baixo número de pessoas infectadas registado até o momento, e assumirem uma posição.
Artur Correia foi confrontado ontem com essa questão tendo em conta a decisão do Presidente da República de começar a fazer consultas técnicas e políticas para saber se opta por um prolongamento do Estado de Emergência. Jorge Carlos Fonseca pretende agir com antecipação e poder decidir em tempo em relação a essa medida excepcional e única na história de Cabo Verde, que limitou grandemente os direitos e as liberdades dos cidadãos.
“A Covid-19 é uma epidemia traiçoeira. Se o jogo está a correr a nosso favor até agora, pode dar uma reviravolta a qualquer momento”, alertou, no entanto, o DNS, que se mostra satisfeito com o comportamento da sociedade civil cabo-verdiana. Na sua perspectiva, a maior parte da população abraçou as medidas de restrição emanadas, o que está a ajudar as autoridades a conter a propagação em massa do vírus. E o objectivo, diz, é atrasar ao máximo esse quadro, evitar que Cabo Verde venha a registar os problemas de países como a Itália, França, Espanha e Portugal, que viram os hospitais apinhados de doentes. A seu ver, a chave do sucesso é tomar medidas atempadas e acertadas, tal como foi feito em Cabo Verde, na sua opinião.
Para Artur Correia, a reacção dos cabo-verdianos nas redes sociais e outros meios de informação não aponta para uma desconfiança generalizada das pessoas sobre os dados oficiais relativos à contaminação no país. “Se os resultados fossem falsos a realidade nos hospitais seria outra. Estariam cheios de doentes tal como acontece noutras paragens”, frisou o médico, que admitiu, entretanto, a possibilidade de Cabo Verde passar a fazer testes rápidos, que permitem pesquisar os anticorpos na pessoa infectada.
“Uma pessoa infectada só começa desenvolver anticorpos para o vírus à volta do oitavo-nono dia após a infecção”, explica Correia, enfatizando que as autoridades sanitárias têm estado a fazer análises laboratoriais que permitem detectar o RNA, ou seja, o material genético do coronavírus. Esta técnica, acrescenta, é mais fiel e seguro.
Segundo Correia, a capacidade de resposta do sistema de saúde nacional passa a estar reforçada com a chega de seis toneladas de equipamentos e materiais num voo sanitário que aterrou ontem na cidade da Praia vindo de Portugal. Esse material, realça o DNS, vai permitir abastecer as estruturas hospitalares para o combate à Covid-19 e a outras doenças, o que retira uma grande pressão dos ombros dos responsáveis sanitários.
Kim-Zé Brito