Oportunidades de negócios no âmbito da Economia Azul debatidas no Mindelo
Instituições públicas ligadas a economia marítima e empresas privadas de São Vicente estiveram reunidas durante a manhã de hoje no auditório do Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP) para conhecerem as oportunidades de negócios no âmbito da economia azul e o sector das pescas, turismo e energia. Este ateliê, que acontece no quadro do programa Empreamar Cabo Verde, visou fortalecer o ecossistema de empreendedorismo marinho para o desenvolvimento sustentável das comunidades costeiras de Cabo Verde, através do projecto transferência e empreendimento marítimo como estratégia de crescimento de emprego e desenvolvimento económico, social e ambiental “Empreender em Azul”.
Para a directora do departamento de promoção e desenvolvimento das pescas do INDP, Elisa Cruz, este encontro é importante para reforçar todas as actividades que, de forma directa ou indirecta, contribuirão para a economia azul. “Estamos a reforçar o debate sobre o empreendedorismo no sector da energia, turismo e pescas. Pretendemos avaliar os projectos que, nestas áreas, contribuirão para o desenvolvimento sustentável destes sectores”, explica Elisa, realçando que ainda este ateliê advém de um programa Empreamar, financiado pela cooperação espanhola que, na segunda fase, abarca também o projecto Empreender em Azul.
“Na primeira fase fizemos um concurso de ideias ligadas a economia azul nos sectores já referidos. Temos oito projecto finalistas que agora vão entrar na fase de incubação. Mas pretendemos dar continuidade ao Empreamar CV. Aliás, vamos lançar concurso para novas ideias de projectos. Os selecionados vão ser apresentados para que possam ser consolidados e encaminhados para os sectores definidos. Dali sairão novas empresas ligadas aos sectores das pescas, turismo e energia, todos virados para o mar”, perspectiva.
Os oito projectos finalistas são de jovens que tinham ideias de negócios e que foram moldados para as áreas de turismo, energia e pesca. Alguns, refere Elisa, são de comunidades de pescadores, que tentam trabalhar pequenos negócios, caso por exemplo de produção de gelo, projectos ligados ao sector do turismo, designadamente de bodyboard, agências de mergulho, passeios aquáticos, entre outros. Na primeira fase abarcaram as todas as ilhas, com mais incidência em São Vicente, Santiago, S. Nicolau e Maio.
Mais de 80% do financiamento é garantido pela cooperação espanhola. Cabo Verde, através do INPD e da Universidade de Cabo Verde suporte o restante. No entanto, de acordo com Elisa Cruz, todos os projectos ainda estão em fase de incubação e analise da modalidade de financiamento, sendo que, para já, está garantido um montante para o inicio das actividades. O acompanhamento irá determinar se os valores investidos serão reembolsáveis ou não.
Da Parte da Uni-CV, o coordenador geral do projecto lembra que este ateliê está enquadrado no Empreamar CV, que está na sua segunda fase, mas também está casado com um projecto da Universidade de Vigo, denominado Empreender Azul. O objectivo fundamental deste encontro do Mindelo – já aconteceu um similar na Praia – é aproveitar o conhecimento dos especialistas da universidade congénere espanhola e debater com os técnicos do INDP e de todas as instituições que fazem parte deste ecossistema do sistema marítimo sobre as oportunidades de negócios que podem surgir nos sectores das pescas, energia e turismo.
Questionado sobre qual é, efectivamente, o papel da UNICV neste processo, Ailton Moreira não tem dúvidas de que a Universidade de Cabo Verde é imprescindível na formação dos empreendedores. “Este projecto é financiado pela cooperação espanhola em alguns milhares de euros, que servem para ajudar as empresas que vão surgir para os empreendedores que participaram na primeira fase. No mês passado um primeiro grupo viajou para a Espanha e, neste momento, estamos na fase de aceleração das ideias de negócio, constituição de empresas e arranque das mesmas. Isto via acontecer até final deste mês de Setembro”, frisa.
Tendo em conta alguma dispersão existente, este responsável aproveitou para apelar a união dos esforços de todas as instituições que trabalham nesta matéria. É que, segundo Ailton, não faz sentido várias instituições a desenvolverem a mesma actividade. “Temos de ser eficientes e utilizar os recursos em prol da criação do ecossistema onde todos fazem um trabalho em conjunto para não duplicarmos esforços. Não podemos desperdiçar recurso”, pontua, aproveitando para anunciar a ida de um segundo grupo de empreendedores para Espanha para trocar experiência com os seus pares da Galícia e encontrar-se com especialistas locais.
“Vamos fazer uma selecção e começar a incubação. Os empreendedores vão receber formação e sair daqui com um plano de negócios já preparado. Depois vamos passar a fase de aceleração, que é a colocação das empresas no mercado, com apoio financeiro e técnico da cooperação espanhola, INDP e universidades de Cabo Verde e de Vigo, que nos tem ajudado na gestão global do projecto e também na transferência de conhecimentos”.
Gonçalo Mendes, que leciona a cátedra Desenvolvimento Litoral Sustentável na Universidade de Vigo e um dos oradores deste ateliê, também se mostra satisfeito com esta parceria com Cabo Verde que, afirma, integra um conjunto de projectos financiados pelas cooperações galega e espanhola. De acordo com este docente, a Universidade de Vigo constatou a necessidade de um desenvolvimento sustentável do litoral. Da sua experiência, elaborou uma estratégia de cooperação internacional e escolheu Cabo Verde como destino preferência, associando-se a UniCV, INPD e a Proempresa. E o resultado é positivo, para manter e continuar.
Constânça de Pina