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Criança com tumor avançado espera meses por evacuação: “Sinto que estou a perdê-la aos poucos”

A jovem mãe de 28 anos “L.” Silva está a lutar há quase dois meses pela evacuação da filha para Portugal, depois que esta foi diagnosticada com câncer no intestino. O processo está pendente entre o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Previdência Social. Esta mãe desespera-se por uma solução, enquanto assiste, impotente, ao sofrimento da filha de quatro anos e a rápida evolução da doença.

Soube da situação da criança depois que foi operada, em finais de Maio. Desde então, diz, o seu estado tem vindo a deteriorar-se a cada dia. Mãe de uma outra criança de 9 meses, “L” está neste momento afastada das suas funções numa fábrica onde é operária para se dedicar à primogénita. Sem muita esperança, a família não esconde o seu desespero. “A criança encontra-se numa situação crítica, internada no hospital. O tumor está num estágio avançado, custa-lhe levantar-se da cama e respirar. A minha filha tem dores constantes. Sinto que estou a perdê-la, aos poucos”, lamenta a mãe.

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A família tem recebido assistência de uma psicóloga no hospital. No entanto, a ajuda que espera com maior ansiedade é a deliberação para conseguirem buscar o tratamento que a criança necessita.

Contactado, o Instituto Nacional de Previdência Social esclarece que a filha da segurada “L”. Silva, “SL”, foi avaliada pela Junta de Saúde de Barlavento no dia 13 de junho do corrente ano e a decisão foi para se proceder a uma evacuação de máxima urgência para um Centro Oncológico Pediátrico no exterior. Na sua nota, o INPS explica ainda que, ao receber o mapa de Junta homologado, contactou os familiares para solicitar os documentos para efeito de preparação do processo de pedido de visto, enquanto se aguarda a confirmação da data da consulta.

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O Instituto acrescenta que, no dia 22 de julho, “recebeu do Ministério da Saúde uma adenda da Junta de Saúde reforçando a necessidade da doente ser evacuada com máxima urgência”. E que está agora pendente da confirmação da consulta pelo Ministério da Saúde, “informação essa imprescindível para o encaminhamento do processo ao Consulado da Embaixada de Portugal em Cabo Verde para efeito de emissão do visto para Portugal”.

Procedimentos para evacuação

O INPS aproveita para partilhar um resumo sobre os procedimentos instituídos para encaminhamento e assistência a doentes para Portugal, ao abrigo do acordo ao nível de Saúde entre os Ministérios de Saúde de Portugal e de Cabo Verde. Segundo essa instituição, os doentes necessitam da Junta de Saúde, que  aprecia a proposta de evacuação do médico assistente do doente e decide quanto à necessidade da sua evacuação, para diagnóstico e/ou tratamento, e emite um parecer, favorável ou não quanto à deslocação do doente para Portugal.

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Os procedimentos, prossegue, exigem ainda um mapa de Junta, que é submetido à homologação pelo Ministro da Saúde e o processo é remetido à Embaixada de Cabo Verde em Portugal pelo Ministério da Saúde de Cabo Verde, que envia o processo à Direcção-Geral da Saúde de Portugal, com um pedido formal para aceitação do mesmo, no âmbito dos acordos. 

Já a DG de Saúde de Portugal efetua o registo de entrada do processo individualizado de cada doente. Este é apreciado pelo médico responsável para avaliação e orientação clínica dos casos que, confirma a aceitação da evacuação e indica os pormenores relativos ao tipo de consulta e o respetivo hospital público para o qual o doente deverá ser encaminhado. 

A Direcção-Geral de Saúde de Portugal remete o ofício ao Serviço de Gestão de Doentes do hospital indicado pelo médico, a solicitar marcação da consulta. Já o Hospital informa a DG da data da marcação da consulta que, por sua vez, transmite essa informação às embaixadas de Cabo Verde em Portugal e de Portugal em Cabo Verde e ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, para facilitar a obtenção de visto específico (por motivo de doença e no contexto de evacuação). 

Por último, a Embaixada de Cabo Verde em Portugal informa o Ministério da Saúde da marcação da consulta, que, por sua vez, aciona a deslocação do doente para Portugal. No caso dos beneficiários do INPS, a Instituição assegura a preparação da logística, nomeadamente, o pedido de visto, a disponibilização do bilhete de passagem e o adiantamento do pagamento do subsídio diário único correspondente a um período de 15 dias para fazer face às primeiras despesas de estadia em Portugal.

Sidneia Newton (Estagiária)

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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8 Comentários

  1. O mais triste é essa tanta burocracia, uma criança a sofrer e, a mãe não pode fazer nada.
    Depois falamos em equidade, direitos humanos, inclusão, igualdade de oportunidades.

  2. igualdade de opirtunidade e uki ka ta esisti na nos terra desde sempre. puliticos ma ses familiares tem tudo ke precisam nunka es negado nada nes terra pa mas simples ou difisil situansan ke sta!

  3. Cabo verde é senpre assim tenho a minha neta que presisa de um tratamento. Foi pedir um visto eles me negarom

  4. Onde reside a dificuldade para por este sistema a funcionar?
    Só pode não funcionar por falta de zelo e má fé de certos maus funcionários do sistema nacional de saúde:
    – Médicos e Junta de Saúde,
    – Ministério da Saúde,
    – INPS e certos funcionários.

  5. Normal situações dessas acontecer, INPS esta mais preocupada em aplicar o dinheiro dos contribuintes de que os prestar assistência.
    Sentidos pesamos a família e muita força.

  6. Mas tanta burocracia para quê? Ou seja, se um processo leva dois meses, significa que temos que ter um diagnóstico antes, no mínimo de seis meses para não morrer.

  7. Agora hospital k cre ser responsavel.es sabia que aquela criança tinha um tumor porque es que actua mas rapido.um tava gosta de sabe se era neta deles quem seria responsavel..

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