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Desporto

Desportos radicais: Atletas pedem “skate park” para desenvolverem habilidades

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Os praticantes dos desportos radicais de São Vicente – bicicleta, skate, trotinete e patins – pedem as autoridades, sobretudo a Câmara Municipal, um “skate park” para desenvolverem as suas habilidades e, quem sabem, um dia defenderem as cores de Cabo Verde lá fora. Dizem que a Praça José Lopes, que foi adaptada para poderem fazer algumas manobras, está a ser pequena para o número de atletas e para as muitas modalidades.

Rubem do Rosário de Jesus, de 18 anos e a cerca de três a praticar trotinete, é um jovem inconformado com a falta de condições para fazer desportos radicais em São Vicente. Ao Mindelinsite, este jovem conta que começou a andar de trotinete para brincar, mas gostou e rapidamente percebeu que podia transformar a sua diversão em desporto. “Decidi esforçar e aprimorar as minhas manobras. Tornei-me mais criativo e vi que, se me empenhar, quem sabe possa um dia ser um atleta profissional e representar Cabo Verde nas muitas competições de desportos radicais que fazem lá fora”, afirma.

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Mas, para isso, admite que os atletas precisam de condições para treinar. É que neste momento, o único espaço em São Vicente onde podem praticar é a Praça José Lopes, que ficou pequena para tanta demanda e não oferece muitas opções. “Não temos uma pista para treinar. Precisamos de um ´skate parl` similar ao que existe na cidade da Praia ou na ilha do Sal. A pista Praça José Lopes é pequena e tem poucos obstáculos, alguns improvisados pelos atletas, o que não nos permite evoluir nas nossas modalidades”, lamenta.

Por causa da falta de espaço, Ruben diz que, por vezes, ocorrem choques e quedas. Também há desavenças porque os atletas acabam por atrapalhar uns aos outros. Quanto às manobras, este conta que aprendem vendo vídeos do Youtube e muita prática. “Somos muito criativos e aprendemos com facilidade. Vemos uma manobra na internet e temos a tendência de sempre acrescentar algo mais para ficar mais radical ou mais bonito. Copiamos e depois improvisamos em cima dessas manobras”, comemora.

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Mais “antigo” nessas andanças, Ravidson Jorge, 18 anos, diz que faz acrobacias com bicicletas a pouco mais de quatro anos e hoje integra um grupo relativamente grande e coeso de praticantes desta modalidade de desportos radicais. Por falta de espaço para desenvolver as suas manobras, revela que neste momento não treina tanto como gostaria. “Acabamos por revezar para que todos possam treinar. Há muito que solicitamos um espaço maior e com melhores condições à Câmara Municipal. Sei que existe um projecto interessante de um ´skate park`, que infelizmente nunca saiu do papel. Acredito que, a partir de momento que tivermos um local apropriado, teremos mais vontade de treinar e iremos evoluir ainda mais.”

Ravidson Jorge conta que, em São Vicente, adolescentes, jovens e também adultos praticam desportos radicais. Por falta de espaço, reconhece que alguns recorrem às estradas para fazerem manobras, colocando-se em risco e também aos utentes. “Sei de muitas pessoas que já sofreram acidentes. Conheço outros que já morreram em acidentes com motas. Sabemos que é perigoso, por isso insistimos na necessidade de um ´skate park`”.

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Confrontados com a informação de que os motards de São Vicente pretendem criar uma associação, envolvendo todos os praticantes dos desportos radicais, para “disciplinar” os seus membros e também expandir as suas actividades, inclusive para as áreas sociais, este diz desconhecer tal iniciativa, mas mostra-se aberto para tentar entender o que isso significa.

Defendo, no entanto, que esta ideia reforça ainda mais a necessidade de se ter um espaço próprio em São Vicente para se praticar estes desportos. “Temos um capacidade e criatividade para atingir um bom nível. Em Cabo Verde existem actualmente muitos atletas a praticar desportos radicais. Se tivermos um ´skater park` iriamos desenvolver ainda amais as nossas habilidades. Sabemos que na Praia e no Sal já têm um espaço condigno, falta nós aqui. Somos muitos e temos muita qualidade”, atiça.

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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