O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, que se celebra hoje, 02 de Abril, foi assinalado em São Vicente com uma conversa aberta na Escola Salesiana de Artes e Ofícios (ESAO) e uma marcha que percorreu as principais artérias do Mindelo. A actividade foi promovida pela Equipa Multidisciplinar de Apoio a Educação Inclusiva, sob o lema “Mais Educação, mais inclusão. Todos diferentes, mas todos iguais”.
A conversa aberta, diz Jeremias Fernandes, contou com a presença de uma neuropsicóloga que falou sobre os aspectos teóricos e como o autismo pode ser detectado através de exames. “Tivemos de seguida testemunhos de pais e encarregados de educação, mas também de professores de alunos que têm o espectro do autismo. Foi uma conversa que durou sensivelmente duas horas, seguido de uma marcha que culminou na Praça Dom Luís”, explica.
Inicialmente, segundo o entrevistado, era propósito da organização soltar balões azuis, cor que simboliza a conscientização do autismo. No entanto, como estão a trabalhar também com consciência ambiental, optaram por pedir aos participantes para trajarem camisolas azúis. “Também pretendemos com esta marcha sensibilizar a sociedade civil para o autismo. Foi neste sentido que fizemos aqui na Praça Dom Luís uma roda gigante, onde proferimos palavras de ordem e um minuto de palmas”, pontua.
O objectivo é uma maior inclusão das pessoas com autismo, na escola, em casa e nos bairros. “Entendemos que a escola e as famílias devem estar sempre de mãos dadas. Tudo o que é feito na escola precisa ser complementado em casa e vice-versa”, frisa Fernandes, para quem a marcha é também uma forma de dar visibilidade ao trabalho que se está a fazer.
A título de exemplo, este diz que em 2018 fez-se uma capacitação neste sentido e também foram produzidos materiais didácticos. Mas há muita coisa que os pais podem fazer em casa. Caso, por exemplo, de utensílios que podem ajudar a trabalhar na comunicação com pessoas com autismo.
Existem actualmente em São Vicente quatro crianças com autismo, sendo uma no pré-escolar e três na Educação Básica Obrigatória (EBO). A criança do pré-escolar, segundo Fernandes, não tem dificuldades de aprendizagem. Já a do 2º ano enfrenta enormes dificuldades, inclusive de comunicação, o que obrigou a equipa multidisciplinar a recorrer a voluntários com formação em Psicologia e Ciências de Educação para ajudar a fazer a cobertura. E os resultados são satisfatórios, assegura Jeremias Fernandes.
As duas crianças do 3º e 4º ano têm autismo mais leves e conseguem acompanhar, sem necessidade de faze adaptação de conteúdos e provas.
Constânça de Pina