Cerca de 2.500 pessoas engrossaram as fileiras do desemprego em São Vicente no ano passado, segundo as Estatísticas do Mercado de Trabalho apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes a 2018. O levantamento revela ainda que, a nível global, três em cada dez jovens com idades entre os 15 e os 34 anos, na sua grande maioria mulheres, não trabalhavam e nem estudavam em Cabo Verde nesse ano.
Os dados divulgados pelo INE mostram que a população empregada/ocupada do país é de 195 mil pessoas, menos 8.775 em comparação com o ano anterior, quando se situou em 203.775. Este número representa uma diminuição de 4,3% a nível nacional. A taxa de emprego foi de 48,8%, tendo diminuído 3.1 pontos percentuais. Diz ainda o referido instituto que tanto o meio urbano como o rural foram afectados. Na Praia contam-se menos 4.389 novos desempregados, enquanto que em S. Vicente, o segundo município mais afectado, a falta de emprego atinge 2.470 pessoas.
A estatística indica ainda que a taxa de desemprego é maior entre os jovens (27,8%), faixa onde registou uma diminuição de 4,6 pontos percentuais face a 2017 (32,4%). “Em 2018, Cabo Verde tinha 29.967 jovens, com idades de 15 a 24 anos, e 32.163 com 25 a 34 anos, que não estavam a trabalhar e nem a frequentar um estabelecimento de ensino ou de formação, sendo a maioria mulheres (54,1%)”, lê-se no documento, que indica ainda que, com um número médio de nove anos de escolaridade, mais de três quartos estão disponíveis para trabalhar e cerca de um terço procura emprego há mais de um ano.
Diz o documento ainda que Sal (68,8%) e Boa Vista (62,6%) continuam a ser os concelhos do país com melhores taxas de emprego. Ainda assim, as duas ilhas registaram quedas em comparação ao ano anterior.
Os concelhos de São Salvador do Mundo (20%) e Santa Cruz (22%) registaram as maiores taxas de desemprego, conforme os dados. Foram também os municípios com os maiores aumentos de desemprego, com 9,7 e 15,8 pontos percentuais. Santa Catarina do Fogo apresenta a menor taxa de desemprego (3,2%), mas a maior taxa de subemprego do país: 41,3 por cento.
O INECV estima, igualmente, um aumento da população inactiva em 17.403 pessoas, passando de 160.157 para 177.560 em 2018 e, consequentemente, da taxa de inactividade, que passou de 40,8%, em 2017, para 44,4% em 2018.
Fracasso das políticas
Para o PAICV, estes dados mostram o fracasso das políticas do Governo. “Os dados acabados de divulgar apontam para a destruição de 8.775 postos de trabalho, ao qual se somam os 6.000 do ano passado”, afirmou o Secretário-geral do partido tambarina Julião Varela, acrescentando que o INE aponta para a redução da taxa de ocupação de 51,9 por cento (%) para 48,8 por cento.
Segundo este responsável, o desemprego aumentou mesmo nas ilhas do Sal e Boa Vista, onde em anos anteriores havia facilidades de trabalho. “Como entender uma economia a crescer, conforme se propala, e a destruição de nove mil postos de trabalho?”, interroga o SG do PAICV, lembrando ainda que foi o própriao INE, num estudo divulgado esta semana, a confirmar que existem mais empresas no país, mas a taxa de actividade caiu de 59,2 para 55,6 por cento.
Esta fonte denuncia, por outro lado, desinvestimentos no sector primário, particularmente na agricultura, com o desemprego a aumentar e a atingir mais 4.798 indivíduos no meio rural. Quanto ao aumento do número de trabalhadores inscritos na Previdência Social que, segundo o PAICV, está a servir de base ao Governo para justificar o aumento do emprego, tem a ver “com a inscrição das pessoas que já trabalhavam e que não estavam inscritas no INPS”.
Constânça de Pina