Assalto de Vindos do Oriente deslumbra Mindelo, mesmo com atraso provocado por problemas no gerador
Lucas, um miúdo de 11 anos, foi a grande atracção do assalto carnavalesco que o grupo Vindos do Oriente fez ontem à noite na cidade do Mindelo. Este exímio dançador e galanteador, como deve ser um mestre-sala, mostrou a sua elegância e destreza no “samba no pé”, cortejou o público quanto-baste e levou as “meninas” ao delírio. Assim que o desfile entrou na rua de Lisboa, Lucas mostrou que essa era a sua noite, o seu palco. “Adorei a experiência. Sempre quis desfilar pelo Vindos do Oriente e gostei da reacção e dos aplausos do público”, confessa a criança, que aprendeu sambar sozinha e cujo sonho é ser Mestre-sala do Vindos do Oriente.
Lucas, no entanto, era apenas uma pedra preciosa no meio de outras centenas que constituíram a constelação de foliões que o Vindos do Oriente levou para o sambódromo do Mindelo no tão prometido assalto. Mirza, uma salense residente na cidade da Praia, foi outra estrela que irradiou luz própria no show do VO devido a sua beleza e energia que colocou na sua performance. Depois de falhar alguns desfiles na cidade do Mindelo, essa jovem regressou este ano para sentir aquela felicidade de entrar na Rua de Lisboa, ainda mais à noite. “Vim para desfilar porque tenho o Carnaval no sangue. Sinto-me feliz nos desfiles e foi isso que vim fazer: viver essa sensação de sambar e festejar”, realça Mirza. Para ela, apesar dos problemas provocados pelo gerador, que deixou de funcionar no pior momento, o Vindos do Oriente deu provas da sua tenacidade e colocou um “espectáculo grandioso” na rua.
O colapso do gerador pegou a direcção do Vindos do Oriente descalça. Segundo Josina Freitas, a máquina foi usada nos ensaios e numa festa e funcionou lindamente, pelo que ninguém pensou que podia falhar, ainda mais no dia do desfile. “É um gerador novo, mas são coisas que acontecem. O importante é que foi emocionante ver a determinação dos nossos foliões e do próprio público que nos pediu para sairmos só com a batucada. E foi isso que fizemos: usamos o trio-eléctrico quando deu e seguimos com a energia da nossa batucada, que soube estimular os foliões”, comenta Josina Freitas, lembrando que Vindos do Oriente quis celebrar a paz e a vida com esse desfile, cuja figura de destaque foi Manú Rasta. Este reconhecido artista plástico teve lugar de honra ao lado de Dona Lily, presidente do VO, no carro sonoro.
Tudo apontava para um desfile sem mácula, mas o gerador quis pregar uma partida de mau gosto e começou a funcionar com deficiência. Ora “pegava”, ora ia abaixo. Sem potência suficiente para alimentar as luzes e os instrumentos eléctricos do carro de som era impossível arrancar com o desfile. Alguns técnicos meteram mão à obra e tentaram resolver o problema, pressionados pelo tempo. Por algumas vezes conseguiram arrancar o motor, mas este voltava a perder rotação. Até que puderam finalmente colocar a máquina a funcionar, o suficiente para dar início ao desfile, já com quase duas horas de atraso.
Quando tudo parecia estar resolvido, o motor voltou a falhar, mas o show já estava no ar e nada podia parar a folia do Vindos do Oriente. O grupo, cujo tema foi Superstar na Bollywood, saiu com comissão de frente, ala de coreografia, casamento indiano, musas e uma batucada composta por cinquenta membros. Apesar do atraso, o público foi paciente, tanta era a curiosidade das pessoas em ver aquilo que o grupo preparou. Milhares de pessoas acompanharam a trajectória dos foliões pelo centro da cidade do Mindelo, num desfile que entrou madrugada dentro.
Kim-Zé Brito
Os americanos é que não são apanhados com o pé descalço. Na copa de 1994, tinham até baliza suplente. E não é que tiveram que substituir uma baliza, derrubada com um forte remate?
Vindos do Oriente significa emoção, amor e brilho.