A manifestação dos bombeiros e a insegurança na ilha ecoaram no Salão Nobre da Câmara Municipal, que acolhia as celebrações dos 146 anos da elevação do Mindelo à cidade. Os temas ganharam espaço nos discursos dos líderes políticos municipais da UCID, Anilton Andrade, que repetiu o “grito de socorro” e pediu mais atenção aos bombeiros, enquanto Nilton Medina, do PAICV, exigiu mais segurança para munícipes e para a ilha. Em resposta, o Ministro da Administração Interna, que presidiu a sessão solene, prometeu continuar a reforçar a segurança, com mais agentes da PN e equipamentos. Paulo Rocha advertiu no entanto que o problema não se resolve apenas com a polícia.
Após os cumprimentos e reconhecimentos de praxes, o ministro da Administração Interna apelou à positividade e pediu aos presentes para olharem para o futuro com optimismo e esperança, buscando o lado bom das situações com mais confiança e sem dramatismo. “Temos de ter orgulho do que somos e das realizações em que projetamos o que de melhor podemos e sabemos, mas também estamos conscientes que a encruzilhada é difícil e o espaço de afirmação da cidade e do seu povo não está totalmente garantido. Só nós, os mindelenses, o podemos garantir, com o nosso trabalho, determinação, dedicação e inteligência, podemos garantir a segurança da cidade”, pontuou.
Nestes tempos de preocupação com a segurança, afirmou Paulo Rocha, as prioridades e foco continuarão a ser com o reforço dos meios, dos equipamentos, dos efectivos e das condições de trabalho da Polícia Nacional e Municipal. “Estes são fatores essenciais à luz dos desafios existentes. Vamos continuar a reforçar a PN em S. Vicente ao nível das infra-estruturas, dos meios, dos equipamentos e do pessoal, como temos vindo a fazer de forma planeada”, disse, lembrando que há um ano foi inaugurado a nova unidade da PN de Monte Sossego e entregue novas viaturas operacionais para reforçar o Serviço de Piquete, o Corpo de Intervenção, a Esquerda de Investigação de Fonte Inês.

Paralelamente, prosseguiu, foram enviados para esta ilha mais 14 efectivos da PN, sendo que em 2023 tinham sido dez e, em 2019, onze novos agentes, totalizando 35. “Ainda este mês, chegaram a S. Vicente mais um contingente com 25 novos agentes recém formados para reforçar a segurança na ilha e, para o próximo ano, prevemos a colocação de mais um grupo, cujo concurso já está a decorrer. Em curso também temos o processo de formação de novos agentes, que integrarão a nova especialidade do Comando das Unidades Especiais, os Motards, criada para fazer aceder a zonas de difícil acesso.”
Segundo Paulo Rocha, esta unidade já provou a sua eficácia e importância em S. Vicente, pelo que os que estão na ilha vão permanecer aqui, pelo menos até a formação dos novos. Em simultâneo, frisou, a tutela desencadeou um processo de aquisição de motos necessárias para a missão. “Há, portanto, uma planificação e um acompanhamento em permanência da evolução da situação. Garantimos sempre as medidas ajustadas quando forem necessárias, pelo que seguimos com o nosso plano de reforço de ações e meios, sendo certo que estaremos profundamente enganados se pensarmos que o problema se resolve apenas com a polícia. Não nos enganemos. Existem várias responsabilidades”, sublinhou.
Alheio a manifestação dos bombeiros como a questão da segurança nesta ilha, o presidente da Câmara , Augusto Neves, optou por centrar quase toda a sua intervenção no Cadastro Social Único, cuja importância explicou com uma riqueza de detalhes impressionante. Já a presidente da Assembleia Municipal, Helena Fortes, escolheu o crioulo de São Vicente para se expressar e rasgou elogios à cidade do Mindelo, pequena mas com sabura, um paraíso de kretcheu, conforme cantou Cesária Évora, mas com ideias e ambições, e desafiou os seus pares a trabalharem junto na construção do futuro.
O ato solene, que contou ainda com uma intervenção do eleito municipal do MpD, António Pedro Rodrigues voltada para a história e evolução do Mindelo, foi testemunhado pelo presidente da UCID, deputados nacionais e municipais, entidades religiosas, civis e militares, empresários e convidados.