Os promotores do projecto “International Seminar on Outros Bairros” (ISOB) – Ângelo Lopes, Jakob Kling, Nuno Flores e Rita Rainho – anunciaram esta terça-feira, no Mindelo, o arranque das atividades no âmbito do Prémio Ammodo Architecture Award 2024, na categoria Social Engagement. Destacaram, no imediato, a realização do Concurso Práticas Artísticas em Espaço Público e um Workshop de Serralharia para explorar o saber fazer.
O prémio, explica Rita Rainho, não se destina a equipa do projecto. Visa, sim, desenvolver um conjunto de atividades pensadas em uma programação articulada. Ou seja, vai permitir aos arquitectos e investigadores executar a programação do ISOB entre janeiro deste ano a junho de 2026, através de um concurso de práticas artísticas em espaços públicos, quatro workshops, um seminário internacional e uma exposição. Será ainda organizado o arquivo digital da Iniciativa Outros Bairros e do próprio ISOB.
“Desta forma, o grupo de arquitetos e investigadores propõe uma reflexão sobre os territórios auto produzidos existentes em Cabo Verde, a partir da experiência vivida enquanto membros em vários momentos da ISOB, onde adoptaram uma abordagem do organismo relacional, procurando a compreensão do modo de vida da população local”, esclareceu Rita Rainho.
Nesta fase, diz, estão focados no concurso de práticas artísticas em espaço público, cujos regulamentos serão lançados ainda hoje na página oficial do ISOB, e nos workshops. “O que vamos abrir hoje é o concurso e inscrições para o primeiro workshop. Ao longo da iniciativa Outros Bairros discutimos com a população o significado de direito a cidade e viver em uma zona autoproduzida. Mas para que a reflexão não fique apenas no campo teórico, construímos esta situação onde podemos estar, em conjunto, a refletir e a propor algo para estas áreas”, sublinhou.
O concurso, cuja Primeira Chamada vai até 15 de maio próximo, parte dos eixos conceptuais direito à cidade e à comunidade enquanto princípios de um urbanismo digno para as pessoas. Ou seja, tratar as zonas urbanísticas, sem imitar o centro urbano, a hierarquia e as desigualdade que são construídas nas cidades. “Daí o incentivo em pensar no direito à comunidade, à aquilo que queremos resgatar e que eventualmente as zonas ainda nos podem ensinar.”
A chamada para o concurso práticas artísticas em espaço público, segundo Rita Rainho, tem articulação com os workshops, tendo em conta que preconiza também a partilha dos saberes vivenciados dentro da iniciativa Outros Bairros. “Também queremos colocar os artistas, designers, colectivos, arquitetos, artesãos e moradores, preferencialmente de Alto de Bomba, Fernando Pó, Covada de Bruxa ou de outras zona autoproduziada a trabalharem em conjunto por forma a garantir esta interação e interdisciplinaridade. As candidaturas serão apenas colectivas. Ou seja, as equipes têm de ter pelo menos uma pessoa residente em São Vicente para garantir a concretização dos projectos nas zonas.”
Ao longo do ano, prossegue Rita Rainho, serão lançadas outras chamadas para concurso praticas artísticas e workshops. Mas, por agora, relativamente ao workshop de serralharia, vai arrancar em Alto de Bomba nas oficinas locais com artesãos que já trabalharam no âmbito da iniciativa Outros Bairros. Na segunda semana, desce para a Oficina Lizardo, em Monte Sossego. O workshop é dirigido a moradores e pessoas de outros bairros, e decorre de 31 de março a 11 de abril.
O prêmio, refira-se, foi criado para apoiar a arquitetura social e ecologicamente responsável. Em 2024, distinguiu 23 projectos a nível global, premiando os seus autores com valores entre 10 mil euros e os 150 mil euros para apoiar e desenvolver a sua prática e novos projectos.
