O sindicalista Nelson Cardoso foi ontem reconduzido no cargo de Secretário Executivo Regional do SINDEP – Sindicato Nacional dos Professores -, com a aprovação de 98% dos 53 delegados com direito de voto presentes na assembleia electiva realizada em S. Vicente. Para Cardoso, que liderou uma lista única, a sua reeleição significa o reforço da confiança depositada na sua pessoa pelos sócios da organização e, ao mesmo tempo, mais responsabilidade sobre a sua pessoa e membros do Secretariado Executivo, órgão composto por 8 elementos.
A data da realização das eleições foi anunciada no dia 10 de dezembro, um mês de antecedência, quando, segundo Nelson Cardoso, os estatutos estipulam o prazo de 15 dias. Alega que a ideia foi possibilitar a constituição de listas concorrentes. Porém, apenas a sua candidatura foi apresentada e acabou sufragada por 52 dos 53 delegados votantes.
Cardoso concorreu sob o lema “Todos juntos a uma só voz” com o intuito de juntar todos os professores do sistema educativo, tendo, para o efeito, incluído no seu grupo de trabalho docentes dos níveis pré-escolar, básico e secundário. O sindicalista salienta que o Sindep vai continuar com o espírito de luta demonstrado em 2024, ano em que os professores fizeram várias manifestações de rua na Cidade do Mindelo. Aliás, perspectiva um ciclo tão ou mais intenso de contestação se a proposta do PCFR (Plano de Carreiras, Funções e Remunerações), em plena fase de votação no Parlamento após apresentação pelo Governo, não corresponder às expectativas da classe docente.
“A proposta vai ser discutida na especialidade e estamos a aguardar o desfecho deste processo para sabermos como agir. Se os sócios do sindicato acharem que devemos voltar a sair à rua estaremos prontos”, assegura o dirigente sindical, que não descarta a possibilidade de a luta descambar para o campo judicial.
Pedido para se pronunciar sobre um vídeo publicado pelo Governo que aponta os ganhos salariais dos professores com a proposta em discussão no Parlamento, Nelson Cardoso afirma que se trata de uma mensagem enganosa e manipuladora. “Nessa publicação, o Governo diz, por exemplo, que os professores vão passar de um salário de 78 mil escudos para 91 contos, mas omite a parte final. Para as pessoas entenderem, basta dizer que neste momento, o plano salarial do professor começa em 78.000 escudos e vai até 156 mil escudos. Na proposta em fase de aprovação, o PCFR começa em 91 mil escudos e o salário do professor termina em 109 mil escudos”, compara Cardoso. Isto significa, segundo o sindicalista, que ao longo de uma carreira de 32 anos de docência, o professor, se tiver sorte, terá um aumento de apenas 18.000 escudos no total, o que nem chega a 600 escudos por ano.
Assim sendo, Nelson Cardoso prevê a continuação da luta dos docentes, ele que elege o PCFR como o desafio prioritário do Sindep em 2025. Isto porque, diz, o Sindicato quer continuar a lutar pela salvaguarda dos direitos adquiridos pela classe e que, na sua perspectiva, estão a ser violados e a regredir.
Desde 2008 que Nelson Cardoso está à frente do Sindep na ilha de S. Vicente. De lá para cá, enfrentou as eleições disputadas em 2012, em 2016, em 2020 e agora em 2025. Neste último pleito alcançou a quase totalidade dos votos expressos. Apenas um delegado, num total de 53, rejeitou a sua lista. A assembleia, registe-se, foi acompanhada por Jorge Cardoso, Presidente do Sindep.