Agentes da Polícia Nacional estão a ser afectados física e psicologicamente pela sobrecarga de trabalho provocada principalmente pela cobertura fora do horário normal de turno de eventos culturais realizados na ilha de S. Vicente. A denúncia partiu do presidente do Sinapol – Sindicato Nacional da Polícia –, que recebeu várias reclamações dos associados e que foram reforçadas com uma exposição escrita do delegado sindical da organização no Comando do Mindelo.
Para piorar a situação, segundo Rufino Lima, os agentes têm tido grandes dificuldades em receber a remuneração devida pelas horas de serviço prestado, em muitos casos garantindo a segurança em espectáculos organizados pela própria Câmara de S. Vicente. “Como sabemos, S. Vicente é uma ilha que tem uma dimensão cultural especial. Acontece que os nossos agentes têm sentido na pele a sobrecarga de trabalho devido a quantidade de eventos realizados, pois são destacados para prestarem serviço extra no seu horário de descanso. E convém assinalar que isto não é novo”, relata o sindicalista em conversa com o Mindelinsite.
Rufino Lima acrescenta que os policiais são obrigados a comparecer quando são mobilizados para essas operações. Isto depois de terminarem o seu horário normal de trabalho, o que, diz, acaba por gerar cansaço físico e emocional. Perante este cenário, o presidente do Sinapol pede mais humanismo ao comando operacional na elaboração da escala de serviço para evitar um acelerado esgotamento dos efectivos. “Se isto não acontecer amanhã estaremos a cuidar de um grupo alargado de policiais doentes e esgotados. Não pedimos exclusão de responsabilidades, apenas mais respeito pelo merecido período de folga do pessoal”, frisa o porta-voz, que exige ainda o pagamento das remunerações relacionadas com esses serviços extras.
Questionado sobre o posicionamento do Comando da PNSV sobre o assunto, Rufino Lima diz que pediu uma audiência com o Director Nacional, na Cidade da Praia, para discutirem este e outros pontos, mas não obteve resposta até hoje. Postura diferente, diz, teve o ministro da Administração Interna, com quem se reuniu e falaram de aspectos como a progressão e promoção na PN, o subsídio de risco para os efectivos, a escala de trabalho para agentes com idade superior aos 50 anos, mudança nos Estatutos da Polícia Nacional, adaptação do regulamento disciplinar… Para Lima, o encontro com o ministro Paulo Rocha foi excelente.