A aplicação Bocadurna não poderá aceder aos dados eleitorais no dia 1 de dezembro, informou Ivandro Pina, da Skrin – Digital Studio. Este revela que, desde janeiro deste ano, formalizou junto da CNE e da DGAPE o pedido de acesso aos resultados das urnas, através da API, que permitiria que a aplicação disponibilizasse as funcionalidades de consulta de local de voto e a difusão dos pleitos nos diversos concelhos.
“Passado 10 meses, dezenas de emails enviados e até a data da publicação deste comunicado nenhuma comunicação oficial foi feita por parte das instituições competentes relativamente ao pedido formalizado”, refere o comunicado, realçando que, após várias insistências e tentativas, conseguiu falar, pessoalmente, com a Presidente da CNE e o Director-Geral da DGAPE e foi informado da não disponibilização dos dados via API, a aplicação Bocadurna. Garantiram-lhe, no entanto, que todos os dados eleitorais seriam disponibilizados nos websites da CNE e da DGAPE e na plataforma Eleições CV, o que ele considera uma clara centralização e “canibalismo institucional”.
Ivandro Pina diz lamentar o retrocesso na transparência e no processo de digitalização da democracia cabo-verdiana. “Os constantes ataques institucionais à aplicação nas vésperas das eleições vem sendo uma prática em todos os ciclos eleitorais com um objectivo claro e incontestável de descredibilizar/fragilizar/extinguir uma solução privada que, ao longo de oito anos – seis eleições – vem contribuindo com as suas limitações para a democracia cabo-verdiana”, pontua.
Este aproveita para pedir desculpas aos utilizadores da aplicação e a todos os cabo-verdianos, que são sua prioridade – por não ser possível entregar a versão completa da Bocadurna nas eleições autárquicas de 2024 por motivos alheios à sua vontade. “Lamentamos ainda que projetos inovadores de jovens cabo-verdianos, agregando valor imensurável à sociedade cabo-verdiana, vem sendo extinguidos ao longo dos anos por inércia ou por vontade institucional”.
Termina dizendo que Cabo Verde só poderá afirmar ter pretensões digitais no mundo globalizado quando começar realmente pelas mudanças simples e básicas no ecossistema nacional. Promete, entretanto, continuar a trabalhar para fazer um país inovador e tecnológico, apesar dos desafios e obstáculos.