Esta decisão do Presidente dos EUA não foi unânime e dividiu os seus conselheiros mais próximos. Joe Biden quererá intimidar a Coreia do Norte, que enviou milhares de soldados para auxiliar Moscovo no ataque a Kursk. Donald Trump, o Presidente eleito, ainda não reagiu.
A menos de dois meses do fim do mandato na Casa Branca, o ainda Presidente Joe Biden autorizou a Ucrânia a utilizar, pela primeira vez desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, mísseis de longo alcance de fabrico americano contra a Rússia. Em causa estão os Sistemas Mísseis Tácticos do Exército, ou ATACMS, que podem ter um alcance superior a 300 quilómetros.
A notícia foi avançada no domingo pelo jornal “The New York Times”, que cita uma fonte da Casa Branca. O jornal refere ainda que a decisão não foi unânime entre os conselheiros do Presidente. A decisão de Biden, que já havia permitido a utilização do sistema de rockets HIMARS em resposta aos avanços da Rússia em Kharkiv, em maio, surge em resposta à decisão de Moscovo de enviar tropas norte-coreanas, em grande escala, para a frente de guerra.
Há perto de 50 mil soldados, muitos deles norte-coreanos, preparados para atacar as tropas ucranianas entrincheiradas em Kursk — território tomado em parte por Kiev em agosto. Segundo as autoridades norte-americanas citadas pelo “The New York Times”, o Presidente Biden não espera uma mudança no curso da guerra com a sua decisão, mas sim enviar uma mensagem à Coreia do Norte, evidenciando a vulnerabilidade dos militares no terreno e recuando, assim, Pyongyang no envio de mais tropas.
Numa primeira fase, espera-se que a Ucrânia faça uso dos novos mísseis em Kursk, onde está a ser mais ameaçada pelas presença russa e norte-coreana, embora Joe Biden não tenha colocado restrições à utilização dos ATACMS noutros locais.
A decisão de Joe Biden pode resultar, contudo, como admitem algumas autoridades dos EUA ao “The New York Times”, numa retaliação violenta e em grande escala de Vladimir Putin, tanto contra a Ucrânia, como contra os EUA e demais forças aliadas de Volodymyr Zelensky.
A futura administração norte-americana, liderada por Donald Trump, ainda não reagiu à notícia. Embora não seja conhecido o plano de Trump para resolver o conflito na Ucrânia “em 24 horas”, é pelo menos já conhecida a intenção do vice-presidente JD Vance de permitir a Moscovo manter o território ucraniano já tomado e ocupado pelas suas forças.
A Ucrânia, por sua vez, espera poder “trocar” alguns desses territórios pela região de Kursk. No entanto, um avanço russo (e norte-coreano) em Kursk retiraria qualquer poder negocial a Zelensky. Os novos mísseis de longo alcance poderão mudar este cenário .
C/CNN