Por: João Delgado da Cruz
Para mim, a Língua Portuguesa é Património Nacional e não precisava ser aprovada na Assembleia para a considerar como tal. E diria mais, é Património Lusófono/Universal.
Como Património e Língua Oficial, é necessário reforçar o ensino e a sua prática. É a língua que nos conecta com a Ciência e o Mundo. Por isso reaviva-se o tema da abordagem do erro. Como fazê-la sem despoletar Complexos Linguísticos?
Acredito que a abordagem do erro deve ser sempre pedagógica, sem petulância. A exposição e a maximização do erro inibe a prática da língua. Reconhecer o erro do outro mostra mais ou menos competência linguística, o que não quer dizer que quem corrige não erra, pois o erro pertence ao âmbito da Competência Comunicativa. Pode-se corrigir depois de consultar uma Gramática ou um Prontuário Ortográfico, e o erro é relativo ao que se espera do outro. Na verdade, só não erra quem não pratica, e só aprende quem pratica. Mas, como evitar a repetição do erro e incentivar práticas futuras?
O domínio de uma língua não revela necessariamente inteligência, na maior parte das vezes, revela prática e estudo. Acredito que… … se trata de um tema muito sensível e funciona como uma faca de dois gumes. Primeiro, uma correção pedagogicamente orientada pode evitar a repetição do erro e incentivar a prática e o estudo. Em segundo lugar, a abordagem do erro evidencia a competência linguística, o carácter e o objetivo daquele que corrige.
Existem aqueles que são “preparados” cientificamente para abordar o erro do outro, que são os professores, linguistas e algumas pessoas que, pela prática e vontade de aprender, adquirem uma grande competência linguística e comunicativa… A ortografia é a parte visível do iceberg linguístico, mormente com a generalização das redes sociais, que deu letra e voz a todos. Para mim, isto é extraordinário, apesar de contradizer um dos meus escritores de eleição, Umberto Eco.
A língua portuguesa é das línguas mais complexas em termos de correspondência fonema/grafema. A grafia dos fonemas com multicorrespondência gráfica cria muitas dificuldades em ambientes de pouca prática de leitura. A sintaxe apresenta muitas variantes o que requer uma grande implicitação de combinações. Para os que querem dominar a língua num contexto de pouco uso oral e de muita interferência da Língua Materna, aconselho a Leitura. Além de muitos outros benefícios, a leitura oferece-nos, gratuitamente, A Memória da Escrita. Portanto, meus amigos, vamos escrever mais, mas, acima de tudo, Ler Mais, e desfrutar do prazer e utilidade da leitura. Quando mais capacitados, melhor corrigimos… a Nós Mesmos.