Junho foi um mês particularmente dinâmico para o hospital de S. Vicente, que acolheu três missões médicas das áreas de neurocirurgia, neuropediatria e cirurgia vascular e celebrou ainda o dia do doador de sangue, instituído pela OMS há 20 anos. Segundo a Directora do HBS, estes acontecimentos permitiram a realização de intervenções médicas de enorme complexidade e, em paralelo, o reconhecimento do papel dos doadores voluntários, que, lembra, têm garantido a manutenção do stock do Banco de Sangue.
As missões médicas, informa Helena Rodrigues, envolveram especialistas portugueses e cabo-verdianos e tiveram um importante impacto na recuperação de pacientes afectados por doenças de difícil tratamento e cujas intervenções representam um enorme custo financeiro para Cabo Verde. Os dados indicam que foi possível realizar 13 operações de neurocirurgia, 12 de coluna vertebral e uma de crânio. As intervenções incidiram sobre doenças degenerativas de coluna, hérnia discal, um caso de afixação de coluna com parafusos e um procedimento para tratamento de um tumor cerebral.
Ao nível da cirurgia vascular, foram feitas 21 para colocação de fístulas, que é um meio que facilita o tratamento dos pacientes que fazem hemodiálise. No caso da missão em neuropediatria foram observadas cerca de 120 crianças com idade compreendida entre os 0 e 16 anos, apoquentadas por doenças do foro neurológico das ilhas de S. Vicente, Santo Antão, S. Nicolau e Sal. Foram tratados pacientes com patologias que englobam epilepsia, cefaleia, paralisia cerebral, doenças neuromusculares, metabólicas e/ou genéticas, infeções e malformações do sistema nervoso central. Além disso, abrangeram crianças com perturbações específicas do desenvolvimento, autismo e com défice de atenção e hiperactividade.
Segundo a directora do HBS, a missão de neurocirurgia tem estado a acontecer com alguma regularidade permitindo a realização de intervenções sobretudo de coluna vertebral e que são consideradas de ponta. “São operações feitas com a participação do médico Paulo Freire, em colaboração com o médico Miguel Correia, do Hospital Estefânia de Portugal”, frisa Helena Rodrigues, que faz questão de realçar que são intervenções de elevada complexidade. Sublinha, aliás, que o HBS é o único hospital do país que desde o ano 2020 faz cirurgia de fixação de artrodese de coluna cervical e lombar. Este tipo de cirurgia foi desenvolvida através de uma parceria entre o hospital e uma equipa de médicos belgas.
Cada deslocação médica à Cidade do Mindelo, salienta esta fonte, dura oito dias em média, o que permite tratar entre 12 a 15 pacientes. Graças a estes procedimentos, acrescenta Helena Rodrigues, o número de evacuações tem vindo a decair, com os benefícios associados, “Além dos benefícios clínicos para os pacientes, estas missões representam um impacto financeiro positivo brutal. Basta imaginarmos quanto custa uma evacuação em termos de deslocação e estadia do paciente e de um acompanhante no país de acolhimento. A este aspecto devemos acrescentar os impactos sociais provenientes da fragmentação dos núcleos familiares e que são custos difíceis de serem contabilizados”, frisa a gestora do HBS. Segundo Rodrigues, as intervenções têm tido sucesso e a cada missão os pacientes são reavaliados no processo de recuperação.