O Juízo Crime do Tribunal da Comarca de São Vicente deu como provado os factos e os quatro suspeitos do assalto à mão armada ao empresário José “Djoff” Spencer, junto à agência da Caixa Económica de Fonte Cónego, foram condenados a penas que variam dos 7 anos e 6 meses a 9 anos e 10 meses de prisão. Os agora condenados terão ainda de pagar à vítima uma indemnização no valor de 2.400 contos. A defesa já avisou que vai recorrer ao Tribunal de Relação de Barlavento para procurar a “verdadeira justiça”.
Na leitura da sentença, o juiz Manuel Andrade entendeu que existiu um elemento “poderoso de prova” que foi apresentado durante o julgamento: “imagens claras que reproduzem toda a movimentação dos quatro arguidos”. Explicou, sem entrar em grandes detalhes que, com isso, o essencial da matéria ficou provado em sede de julgamento. Afirmou que arguido Edivaldo Andrade arquitetou a operação e coordenou com seus pares. Este recebeu por isso a punição mais pesada: 9 anos e 10 meses de prisão.
Ao arguido Pedro Ribeiro, apanhado com a arma utilizada no cometimento do crime, foi aplicada a pena de 9 anos e 8 meses de prisão. O arguido Belarmino Mendes, disse o magistrado, foi identificado de forma categórica pela vítima, e condenado a 9 anos de prisão, enquanto que o quarto arguido, Jocelino Pereira, recebeu uma pena de sete anos e seis meses. Todos os quatro arguidos foram ainda condenados a ressarcir, de forma solidária, o ofendido no montante de dois mil e 400 contos.
Os arguidos Jocelino Pereira e Irina de Carvalho, que respondiam pelo crime de tráfico de droga de menor gravidade, foram condenados a , foi a penas de 1 ano e 6 meses e 1 ano e 2 meses de prisão. A pena de Joceline, em cúmulo com a primeira respectivamente, eleva a condenação a 8 anos. Já no caso da Irina, a pena fica suspensa por 2 anos e 8 meses por esta não ter histórico criminal. Todos os arguidos terão ainda de assumir os pagamentos das custas do processo. “Fez-se justiça e a pena aplicada aos arguidos não é exagerada. Está ajustada aos factos”, considerou o magistrado.
O advogado-assistente concordou com a decisão do Juiz, sem qualquer sombra de dúvida, e mostrou-se satisfeito com a moldura penal aplicada. Disse que as imagens foram conclusivas para o veredito final. Já a defesa alega que nada ficou provado, pelo que não pode de maneira nenhuma aceitar de ânimo leva o resultado. “É uma decisão de um juiz e temos de respeitar, mas não faz nenhum sentido. Este afirma que deu-se como provado os factos e que na audiência de julgamento vimos imagens. Mas, na verdade, o que vimos foram imagens repescadas. Cinco vídeos e um pen drive desapareceram.”
Para Armindo Gomes, que representa três dos quatro arguidos, tudo isso é de ‘bradar aos céus’ e não há outro caminho que não seja o recurso. “Vamos recorrer. Pensamos que o Tribunal de Relação fará justiça, porque esta não pode ser chamada de justiça.” A defesa do quarto arguido, que não quis se pronunciar, expressou também descontentamento enquanto o juiz lia a sentença, com movimentos claros de negação. E deixou em aberto a possibilidade de entrar com um recurso.
O roubo, recorda-se, aconteceu no dia 1 de abril de 2024. Dois dos suspeitos são naturais de São Vicente e os restantes de Santiago. O alegado cabecilha e suposto autor dos dois disparos que atingiram a vítima, deixando neste sequelas para a vida, foi preso na cidade da Praia pela Polícia Nacional. Este foi surpreendido quando se preparava para depositar o dinheiro da venda realizada nos postos de combustíveis da Rotunda da Ribeira Bote e da Rua do Coco.
Foi abordado nas proximidades da agência da CECV em Fonte Cônego e assaltado por um indivíduo assim que saiu do carro. Durante o roubo, que aconteceu por volta das 15 horas, foi atingido por dois disparos de uma arma de fogo numa perna, tendo um dos autores levado uma mala contendo mais de 2 mil contos, conforme foi noticiado na altura. Na sequência, a PJ desencadeou uma operação juntamente com a PN e os Serviços Penitenciários, que resultou na prisão de três suspeitos cinco dias depois.
Um quarto elemento, conforme informaram as autoridades, conseguiu fugir da ilha, mas foi pego 20 dias depois em Santa Cruz, na ilha de Santiago. No momento da detenção, consumada com base num mandado do Ministério Público, estava na posse de uma arma de fogo como relataram as autoridades.