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Programa de Reforço Familiar com resultados animadores em Fonte Filipe

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O projeto Melhorando a situação das crianças da cidade do Mindelo através da capacitação parental e empoderamento económico das famílias, gerido pela Aldeias Infantis SOS de Cabo Verde, através do Centro Social SOS do Mindelo, começa a apresentar resultados animadores num dos bairros periféricos de São Vicente. Esta informação foi avançada ao Mindelinsite por João Pinheiro, presidente da Associação Solidária Intaentas de Fonte Filipe, que se mostra entusiasmado com esta parceria que envolve, para além do Centro Social SOS, um leque de outros parceiros. Já Cátia Barbosa, uma das mulheres chefes de família beneficiárias do projeto, mostra-se expectante com a perspetiva de melhorar a condição de vida da sua família e oferecer mais conforto aos filhos. 

“Já sentimos e vemos os ganhos desta parceria com o Centro Social SOS. Dentro do programa de Reforço Familiar, a nossa associação está a desenvolver três microprojectos, que vêm sendo trabalhados de forma a ajudar as famílias a criar rendimentos e, como consequência, poderem proporcionar mais conforto aos filhos. Por exemplo, em um destes microprojectos, aproveitamos o terraço da nossa associação para montar um espaço de apoio às crianças para o estudo, que funciona em três horários diferentes: das 8 às 10, das 10 às 12 e das 13h30 às 15h30. Estas crianças são acompanhadas por estagiários da Universidade do Mindelo, que as auxiliam nos seus estudos”, refere João Pinheiro.

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De acordo com este líder comunitário, o desempenho escolar destes alunos melhorou. “Começamos a ver e a sentir uma evolução positiva destas crianças. O projeto beneficiou a comunidade com uma biblioteca, sita na associação onde estes estudantes têm acesso a livros, inclusive fazem empréstimos e levam para casa para devolver posteriormente. Nota-se um interesse crescente. Em breve, vamos ministrar uma formação em informática a estes alunos, para alargar ainda mais os seus conhecimentos”, assegura Pinheiro, que também é voluntário no Centro Social SOS do Mindelo.  

Participantes de formação “Empoderamento das Famílias”

Uma outra vertente destacada pelo presidente da Associação Solidária dos Intaentas de Fonte Filipe é o crédito às famílias. Segundo Pinheiro, a associação recebeu do projeto o montante de 210 mil escudos e atribui microcréditos a seis famílias, na sua grande maioria mães-solteiras. Cada uma recebeu a quantia de 35 mil escudos para reforçar os seus negócios, nomeadamente de confecção e venda de pastéis e iogurte. “Este dinheiro vai ser devolvido à associação em parcelas de três mil escudos mensais por forma a que possamos ajudar mais famílias. Os atuais beneficiários têm um prazo de 12 meses para liquidar todo o crédito e, dependendo do sucesso deste microprojecto, iremos expandi-lo e contemplar mais pessoas.”

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As famílias contempladas com o pequeno crédito, assegura o entrevistado Mindelinsite, receberam formações na área de transformação alimentar, confecção de sabão natural e em educação financeira, para uma melhor gestão dos seus negócios. No terreno contam ainda com acompanhamento de uma técnica, pago pelo projeto, que permanece parte na sede da Associação das Intaentas de Fonte Filipe fazendo o atendimento a famílias e, na outra parte, faz visitas domiciliárias para o seguimento e acompanhamento das famílias beneficiárias. 

Bolsa de troca comunitária

O terceiro projeto consiste numa bolsa de troca comunitária. Segundo Pinheiro, até o momento têm apenas oito pessoas inscritas, sendo que a capacidade é de 40. “Trata-se de uma troca de materiais, bens e serviços.Para montar este projeto recebemos um montante do Centro SOS que nos permitiu adquirir alguns materiais para fazer pequenas obras nas residências das famílias: reparar tetos e casas de banho, colocar pisos de cerâmica em casas de terra batida, entre outros. Tudo isso visando criar algum conforto nas casas para as crianças. Não há dinheiro envolvido, fornecemos os materiais e as famílias retribuem com serviços”, descreve este líder comunitário.

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Para este microprojecto foi montada uma plataforma nas redes sociais onde os materiais existentes são dispunibilizados. As famílias inscritas propõem os serviços que podem oferecer em troca destes materiais. “Ainda estamos na fase de inscrição dos beneficiários deste microprojecto. Antes tivemos de contactar todas as drogarias e lojas que vendem materiais de construção para montar uma lista de materiais. Os beneficiários vão também receber formações para que possam, através das redes sociais, disponibilizar os seus serviços, tendo em conta que é uma troca virtual, através da referida plataforma. A formação em ambientes digitais deverá acontecer já na próxima semana. Teremos ainda um segundo curso sobre economia social e solidária destinada a todas as associações comunitárias das 4 comunidades, que será ministrado por uma pessoa que será contratada dentro do projeto.”

Cátia Barbosa, beneficiária do projecto “Bolsa de Troca”

Cátia Barbosa, uma das inscritas no projeto “Bolsa de Troca” mostra-se expectante com o seu arranque. Mãe solteira de duas crianças menores, esta conta que mora em uma casa com um único cômodo. “Estou ansiosa porque, através deste projeto, vou conseguir melhorar a minha residência. Neste momento vivemos muito apertados. Se conseguir alargar a minha casa, sentiremos mais à-vontade e os meus filhos terão mais espaço para brincar. Os técnicos do projeto já visitaram o meu espaço para conhecer a minha real situação. Sabem que vivo sozinha com os meus filhos e preciso da sua ajuda. Mas estou empenhada. Nunca falto nenhuma atividade”, assegura.

Na comunidade de Fonte Filipe, segundo Vânia Lopes, técnica do Centro SOS do Mindelo Vânia Lopes, o projeto beneficia diretamente 119 crianças (49 meninas e 70 rapazes) distribuídas por 40 famílias, sendo 36 chefiadas por mulheres e 2 chefiados por homens. Essas famílias são provenientes de Rotcha Nu, Alto Solarine, Alto Roma e da zona atrás do Centro Social.

Trata-se, acrescenta, de um projeto bastante ambicioso que, tal como o nome indica, visa capacitar as famílias nas duas vertentes mais importantes das suas vidas que é o caso do cuidado das crianças e o empoderamento económico. Para tal, acrescenta, disponibiliza de vários serviços entre as quais o já citado Bolsa de Troca virtual, formações e sensibilizações em diversas áreas que afetam uma dinâmica familiar saudável.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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