Descongelamento da carreira, nova grelha salarial, aumento salarial justo, mais dignidade e respeito foram algumas das palavras ouvidas nas ruas de morada na manifestação nacional de professores, que contou com boa adesão de docentes em S. Vicente. Perante a ausência do Sindep, o maior sindicato de professores de Cabo Verde, Walter Silva fez questão de frisar que esta foi um protesto “de professores e para professores”, ou seja, independente dos sindicatos.
Os docentes de São Vicente responderam ao repto lançado pelo Movimento dos Professores, o Sindicato dos Professores da Ilha de Santiago (Siprofis) e o Sindicato Democrático dos Professores e aderiram em número significativo à manifestação nacional, que partiu da Praça Dom Luís e passou pelas principais artérias da cidade do Mindelo, com paragem em frente à Delegação do Ministério da Educação e término na Rua de Lisboa.
Ostentando vários cartazes, não se coibiram de gritar um basta à situação que enfrentam, exigir melhoria na carreira, aumento salarial justo, melhores condições de trabalho, pagamento das horas extraordinárias, mais dignidade, respeito e ensino de qualidade. Durante todo o percurso, foram recebendo apoio das pessoas, que solidarizaram com esta luta, que se arrasta por anos.
“Esta é uma manifestação de professores para professores. Estivemos aqui a exigir, primeiramente, mais dignidade para a nossa classe e aumento salarial ou então um reajuste em relação a inflação. Também queremos melhores condições porque temos docentes a trabalhar com turmas de 37 alunos, sendo que fazemos 6/7 avaliações. É desumano”, justificou o porta-voz.
Walter Silva falou ainda da necessidade do descongelamento das carreiras, reclassificação, promoção, progressão e de um novo estatuto do pessoal da carreira docente. “Volto a repetir, esta é uma manifestação de professores para professores. Os professores começaram a mobilizar-se desde a cidade da Praia e foi-se propagando para os demais concelhos, e hoje estamos aqui”.
Em resposta à afirmação do ministro da Educação, que alegou que os professores não têm motivo para manifestar, este voltou a referir as razões anteriormente indicadas e lembrou que há pendências que remontam a 2013/14. “Tivemos um último aumento salarial em 2015. O OGE para 2024 também não prevê aumentos. Serão nove anos com salários congelados. Mais motivos que estes não há.”
Quanto à adesão, o docente Walter Silva refere que a expectativa inicial era de 200/300 pessoas, mas ultrapassaram esta previsão. “Tivemos apoios de vários sindicatos. Mas, o mais importante aqui é referir a união de toda a classe. Não importa o sindicato ou a escola. Importa os professores e os educadores de infância, que também estão numa situação precária”, reagiu quando questionado pelos jornalistas sobre a ausência do Sindep, o maior sindicato da classe.
Esta manifestação, refira-se, antecede uma outra anunciada pelo Sindicato Nacional dos Professores (Sindep) e marcada para o dia 4 de novembro, com as mesmas reivindicações: reajuste salarial igual e para todos os professores, concursos para promoção e mudança de nível, resolução total e definitivo das pendências, valorização e dignificação do trabalho docente.