Morreu na madrugada de hoje, aos 89 anos, o actor e encenador Horácio “Lalacho” Santos vítima de doença prolongada. Várias pessoas, sobretudo companheiros e amigos de longa data, e também a Associação Artística e Cultural Mindelact, já vieram a público lamentar a perda deste que ficou conhecido por ter sido um exímio contador de histórias.
Lalacho esteve em São Vicente na década de 1990, a convite do Centro Cultural Português, para participar em uma actividade promovida na Praça Estrela, onde fez contação de estóreas para as crianças desta ilha. Mas a sua intervenção como actor, encenador e declamador de poesia é gigante.
Em reacção a sua morte, o escritor Filinto Silva escreveu: “partiu-se de nós Horácio Santos, quem, por honra colectiva, foi actor, encenador, professor, declamador de histórias. Abraçava as causas com amor e punha nas coisas humor”. Filinto lembra algumas “conversas” tidas com o malogrado, como quando foram convidados pela Universidade dos Açores em que este falou-lhe do seu sonho de encenar “Antígona”, de Sófocles, e garante que este é uma daquelas figuras que devem ser guardadas no relicário de lembranças.
Já o Mindelact postou na sua página o seu lamento pela perda, lembrando que este teve um papel fundamental na dinamização teatral cabo-verdiana nos primeiros anos da independência nacional. “Foi responsável por vários projectos teatrais pioneiros, entre os quais se destaca o Teatro Experimental Rubom Manel, até aos inícios dos anos 80 do século XX”, informa.
O diplomata Arnaldo Andrade optou por falar, enquanto companheiros da JAAC-CV, do privilégio de partilhar o “backstage” dos palcos porque passou o Lalacho, sendo que as vezes este eram na rua. “Lalacho foi o grande promotor do teatro de rua, das provas de ciclismo e atletismo, aqui nas ilhas ou num bairro qualquer da periferia de Lisboa.”
Emigrante em Portugal há mais de 30 anos, Lalacho destacou-se sobretudo como contador de estóreas e actor de cinema, tendo participado em filmes como “Ilhéu de Contenda”, “Os Capitães de Abril” e “O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo”. Aos amigos, familiares e companheiros de jornada, o Mindelinsite endereça as mais sentidas condolências.
R.I.P.