Os pais e encarregados de educação dos alunos da 2ª classe da sala n. 2 da Escola Valentina Lopes da Silva, em São Vicente, concentraram-se na manhã desta segunda feira, 23, à porta daquele estabelecimento de ensino para manifestar descontentamento pelo facto de os seus educandos ainda estarem em casa devido a falta de professor. O delegado da Educação afirma que se tratou de uma emergência médica, que poderá ser solucionada ainda no decurso desta semana lectiva.
Era nítido o desconforto desses pais que, mais uma vez, tiveram de retornar a casa com os filhos porque não tiveram aulas. “É triste. Estou a reivindicar porque a situação volta a repetir-se. No ano passado estiveram três semanas em casa no início do ano lectivo porque não tinham professor. Depois foi-lhe atribuída uma docente, que levou a turma até ao final do ano lectivo. Pelo que sei, ela foi transferida para S. Pedro. Se não tinham outro para a substituir, deveriam ter deixado a professora continuar com a turma”, desabafou Eneida, em nome dos demais pais e encarregados de educação.
Inconformada, esta educadora diz não entender como é o possível que estejam na segunda semana lectiva e os seus educandos continuam em casa. E sem perspectiva. “O mais caricato é que não há professor e não nos disseram nada. Foi só na quinta-feira da semana passada que a directora veio nos dizer que a professora que vinha assumir esta turma foi evacuada por motivos de doença e que as crianças deveriam ficar em casa até que fossem chamadas novamente. Queremos algo concreto e não ir para casa a toa. Queremos que seja fixada uma data para o início das aulas.’”
Esta mãe não tem dúvidas de que os esses estudantes estão a ser prejudicados, à semelhança do que aconteceu no ano lectivo anterior. “Alguns pais já estão a equacionar transferir os seus filhos desta escola por não vislumbrarmos uma solução para breve. Aliás, pelas informações trocadas hoje no grupo da escola, um pai nos informou que já tirou o seu filho desta escola. Pelo andar da carruagem, todos vão seguir o mesmo caminho porque os nossos filhos estão a ser prejudicados.“
O Mindelinsite tentou ouvir a directora Luísa Soares, mas esta recusou prestar declarações, remetendo este online para a delegação do Ministério da Educação. O delegado Jorge da Luz confirmou que a professora substituta foi evacuada para Praia para tratamento médico e que a delegação está a agilizar a contratação de um novo docente em regime de prestação de serviço. “Foi uma emergência médica, mas estamos a tentar encontrar uma solução. Teremos uma resposta ainda esta semana.’
Além da Escola Valentina, o delegado do ME admite a falta de professores em outros dois estabelecimentos: Mestre Baptista, em Monte Sossego e Arnaldo Medina, na Pedra Rolada. Segundo Jorge da Luz, ambas as vagas foram preenchidas com professores transferidos de outras ilhas. Para a Escola de Pedra Rolada, a professora está de licença maternidade, pelo que também vão contratar um professor em regime de prestação de serviço para assegurar os três meses de ausência. Quanto a Escola Mestre Baptista, a docente atrasou-se por causa da viagem.
“São estas as situações que tivemos neste arranque de ano lectivo. Todos os professores estão colocados, mas nem todos os transferidos conseguiram chegar antes do início das aulas. Outras situações são de doenças. E nestes casos temos de preencher as lacunas com prestação de serviço“, explica.
São Vicente conta este ano lectivo com mil professores e cerca de 15 mil alunos distribuídos pelos ensinos básico e secundário. Destes, cerca de 10.500 estão no nível básico e os restantes no secundário. Relativamente aos docentes, houve 42 nomeações novas, sendo que destes 39 foram transferidos das outras ilhas e três foram contratados para iniciar as funções na ilha do Porto Grande.
