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OMCV em S.Vicente quer levar 2 mil kits menstruais e começa por ofertar alunas dos 10 aos 13 anos em Sto Antão

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A delegação da Organização das Mulheres de Cabo Verde em São Vicente começou ontem a entregar pensos higiénicos reutilizáveis a meninas dos 10 aos 13 anos na ilha de Santo Antão, sucedendo a uma aula de educação menstrual. A ideia desta desta instituição, sediada no Mindelo, é de oferecer 2000 pensos, com vista a uma mudança de mentalidade, tendo em conta uma política sustentável para o bolso, para o ambiente e para a saúde das jovens.

“Pode-se encontrar o kit no mercado em Portugal pelo custo de 37 euros e meio, que equivalem a 4 mil escudos. Aqui acabam por poupar porque os pensos duram cerca de 8 anos, se bem conservados. Para além de inibir a compra dos pensos descartáveis, são mais ecológicos, ajudam o ambiente e também são bons para quem tem alergia ou costuma apanhar infeções com o uso dos pensos descartáveis, pois estes possuem muitos químicos que são prejudiciais à nossa saúde”, garantiu a artesã portuguesa Joana Teixeira. Esta jovem uniu-se à OMCV na confecção de 2000 protetores menstruais reutilizáveis e na formação de costureiras para a produção destes itens.

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Aula de educação menstrual

O início da vida menstrual da filha fez com que a artesã Joana Teixeira lançasse à pesquisa de formas de produção dos pensos e fizesse desta prática um hobby e alternativa de emprego. O kit, que pode custar em torno dos 4 mil escudos na Europa, chega às cabo-verdianas de forma gratuita. É composto por pensos, folheto informativo e sabão azul. 

A OMCV começou esta produção, arcando com os custos. De acordo com a delegada em São Vicente, Fátima Balbina, usou tecidos oferecidos por uma parceira que reside no Luxemburgo, natural da ilha de Santo Antão, Nathy Gomes, para os pensos e estojo que os transporta. E é na ilha das montanhas, onde em parceria com a delegação da Ribeira Grande, que foram entregues algumas dezenas de pensos a meninas das escolas secundárias de Suzete Delgado e de Coculi.

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Uma ação muito elogiada pela coordenadora do gabinete de psicologia da Escola Secundária de Coculi, que acredita que apesar de pensos reutilizáveis não serem novidades na comunidade, estes com melhor elaboração irão trazer às meninas ganhos significativos.

Aula de educação menstrual

“Em relação à educação menstrual, sempre é bom trazer mais informação para as alunas e no que toca aos pensos, acho que foram muito privilegiadas por terem sido as escolhidas. Receber este kit, que é bom para o ambiente e para o bolso, neste momento de tanta dificuldade, penso que elas têm muito a agradecer, devem dar um bom uso aos pensos e que as vai ajudar em todos os aspetos”, acredita Andreza Fortes, que espera que o projeto tenha continuidade de forma a alcançar mais jovens, em paralelo com a reeducação das alunas.

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A delegada da OMCV – Ribeira Grande ficou a par da nova campanha da instituição no Mindelo e quis logo uma parceria para que as meninas em Santo Antão pudessem ter acesso. Um lugar que acredita que a campanha terá boa adesão por questões culturais e económicas. “Quantas vezes já não foram à escola usando pano porque as famílias não tinham dinheiro para o penso? “, questionou Carlinda Gonçalves que acredita que um bom uso irão dar as jovens, ao que lhes foi oferecido. 

Kits pensos reutilizáveis

Uma jovem de 12 anos, cuja identidade será preservada, que foi contemplada com um kit menstrual, garante que já precisou usar pensos reutilizáveis, por não ter acesso ao descartável. “Uma vez quando me preparava para vir à escola, não tinha pensos descartáveis, por isso, apanhei um pano, cortei e fiz de pensos e fui“, disse. 

Uma campanha agora iniciada, em que a delegação do Mindelo pretende levar a mais escolas e comunidades com vista a dar mais independência às meninas durante o período. Agora as atenções se voltam para as instituições de ensino das escolas primárias e secundárias, no Mindelo, além de comunidades e outras instituições e está em curso uma campanha para arrecadação de fundos para que sejam incluídas nos kits roupas íntimas para jovens dos 10 aos 13 anos de idade.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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