O Ministério da Saúde lamentou, em comunicado, o passamento na segunda-feira de Maria de Lourdes da Silva Monteiro que, afirma, foi durante mais de três décadas a única médica epidemiologista do Sistema Nacional de Saúde. Para a tutela, trata-se de uma “perda irreparável”.
Natural de São Vicente, Maria de Lourdes, ou simplesmente Milú como era conhecida, era médica epidemiologista, quadro do Ministério da Saúde e estava aposentada desde 2019. “Desempenhou várias funções no Serviço Nacional de Saúde, tendo dado um grande contributo para o desenvolvimento do Sistema de Vigilância Epidemiológica Nacional, para o Sistema de Informação em Saúde, bem como, no desenvolvimento da saúde pública em Cabo Verde”, refere.
Como a única Médica Epidemiologista do Sistema Nacional de Saúde, prossegue a tutela, esteve sempre na linha da frente de combate e enfrentamento das várias epidemias que Cabo Verde conheceu desde os anos 90, nomeadamente a epidemia de cólera em 1995, dengue em 2010, Zika em 2016, paludismo em 2017, sempre com bons resultados.
“Esteve na base da criação do serviço de vigilância e respostas às epidemias em Cabo Verde. Durante a pandemia de COVID-19, estando já aposentada, apresentou-se voluntariamente para apoiar e liderou a primeira equipa médica que seguiu para a ilha da Boavista para apoiar, logo após o surgimento do primeiro caso de COVID-19, no país”, descreve o MS.
Maria de Lourdes Monteiro entrou para o Serviço Nacional de Saúde em 1983, como técnica superior na Delegacia de Saúde de São Vicente, local onde trabalhou até 1990. Nesta mesma data, foi nomeada para exercer funções na Direção Geral de Saúde, em 1993 assumiu as funções de Chefe da Divisão de Epidemiologia no Ministério da Saúde, cargo que ocupou até 1997.
Trabalhou na montagem do Sistema de Informação em Saúde, em 1995 integrou a carreira médica. Entre 1997 e 2000, desempenhou as funções de Diretora do Centro Nacional de Desenvolvimento Sanitário (CNDS). Voltou a assumir a liderança do Serviço de Vigilância Integrada e Resposta às Epidemias da Direção Nacional de Saúde até 2019, ano em que se reformou.
Foi ainda Presidente do Comité Nacional de Ética em Pesquisa em Saúde de 2019 a 2020. E, no exercício das suas funções sempre foi referenciada, pelo seu profissionalismo, dedicação e rigor técnico e cientifico, sendo reconhecida pelo seu imensurável contributo ao sector de Saúde em Cabo Verde.
Termina lamentando esta “perda irreparável” e apresenta condolências á família, à classe médica cabo-verdiana, aos amigos e a todos que nesta hora compartilham deste sentimento de pesar.