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Morreu D. Dulce, figura incontornável do Carnaval de São Vicente

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Morreu esta segunda-feira, aos 89 anos, Dulce Maria Oliveira Lima, a eterna “Marinheira Dulce”, figura incontornável do Estrela do Mar e do Carnaval de São Vicente. Foram mais de 50 anos dedicados à festa do Rei Momo ao seu grupo do coração, chegando ao extremo de transformar a seu salão de cabeleireiro em “estaleiro” do Estrela do Mar no dia dos desfiles. 

Ao Mindelinsite, a filha Filó Lima lembrou a mãe como uma pessoa muito jovial e ativa, que gostava de passear, de conversar e de conhecer pessoas. Infelizmente, a pandemia da Covid-19 obrigou-a a isolar-se em casa. “Foi difícil para ela ficar em casa. Deixou de freqüentar a igreja e de sair para dar os seus habituais passeios. Era uma forma de proteção, mas ela ficou sentida e começou a decair aos poucos, sobretudo depois de ter feito um Acidente Vascular Cerebral (AVC).”

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Apesar das limitações decorrentes da doença, de acordo com Filó, a mãe nunca ficou de cama. Dava os seus passeios dentro de casa, com ajuda de todos. “A minha mãe estava bem. Foi tudo muito rápido. Acordou no sábado com uma sonolência e accionamos os Bombeiros para a levar para o hospital. Em 24 horas ela desenvolveu um bronco-pneumonia, mas antes não apresentava nenhum sintoma. E foi fatal.”

Relativamente ao Carnaval, Filó explica que ultimamente estava um bocado apática em relação, apesar de em tempos idos ser esta a sua época do ano preferida. Talvez porque já não conseguia comemorar e nem festejar como gostava. “Não sei bem os seus motivos. Era algo dela. Mas a minha mãe marcou o Estrela do Mar e o Carnaval de São Vicente. Ela colocou o grupo em outro patamar”, afirmou, lembrando que Dona Dulce chegou a presidir o grupo carnavalesco Estrela do Mar. 

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Dona Dulce não foi uma das fundadoras do grupo mas, segundo Filó, há 50 anos quando o grupo desfilava pela primeira vez, a partir da rua Fernando Ferreira Fortes, o seu salão de cabeleireira se transformava em um “estaleiro”. “Era no salão que as pessoas se preparavam para o desfile. Se faltasse algo de última hora, supríamos. Ela não foi fundadora, mas entregou-se ao grupo de corpo e alma.”

Foi somente depois de 2012, ano em que o Estrela do Mar a homenageou com o samba-enredo “Marinheira Dulce”, que ela começou a desligar do Carnaval de São Vicente. “Foi o seu último desfile. Nunca mais saiu com o grupo e nem foi convidada para integrar nada no Estrela. Já nós, os filhos fomos, convidados por diversas vezes. Mas também optamos por não envolver. Gosto do Estrela do Mar, mas eu pessoalmente envolvia mais por causa da minha mãe”, acrescentou. 

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Dulce Lima faleceu por volta das 10 horas de hoje e será sepultada amanhã no período de tarde. O Mindelinsite endereça à todos os amigos, familiares e aos grupos carnavalescos de São Vicente às mais sentidas condolências e pede uma “Salva de clack para a Marinheira Dulce”.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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