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Moradores de Madeiralzinho manifestam contra a violência e por mais justiça

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Um grupo de moradores do bairro de Madeiralzinho promoveu na manhã deste sábado uma manifestação contra a violência e para exigir mais justiça em Cabo Verde. O protesto teve como pano de fundo os três casos de roubo violentos contra mulheres com mais de 80 anos, nas suas casas, incluindo o mais recente, na Sexta-feira Santa, em que três indivíduos torturaram e agrediram Maria Pires de Pina, mais conhecida por Nha Ninha, deixando-a inconsciente. Os meliantes levaram ouro, dinheiro e o telemóvel da malograda, que ainda continua activo. 

De acordo com a filha, Mónica de Pina, o propósito da manifestação é chamar a atenção das autoridades para a violência gratuita que se vive na ilha de São Vicente e em Cabo Verde, tendo como alvo sobretudo pessoas mais idosas. “Há pouco mais de uma semana agrediram e roubaram a minha mãe dentro de casa. É lamentável o que aconteceu. Temos de nos manifestar para ver se as autoridades tomam alguma medida. Estamos completamente desprotegidos. Os ladrões entram nas casas, roubam e, mesmo quando apresentamos queixas junto das autoridades, nada acontece”, desabafou a jovem, que viajou para Cabo Verde para acompanhar e ver de perto o estado da mãe, Nha Ninha. 

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Mónica lamenta sobretudo a situação dos idosos que, diz, estão desamparados, mas também dos jovens que, do seu ponto de vista, não estão melhor. “É preciso fazer alguma coisa para ver se muda algo. É preciso que a justiça funcione. Não podem deixar os indivíduos cometerem muitos crimes antes de agir. É preciso mais precaução, sobretudo com os idosos. As autoridades têm de ser mais rigorosas para que os meliantes possam ter algum receio”, pontua a jovem, para quem quanto mais “espaço” os criminosos ganham, mais difícil a justiça poderá funcionar como inibidor de comportamentos desviantes. 

E, com isso, a sua atuação torna-se mais graves, passando de agressão para assassinato, por isso este alerta, mais um, às autoridades. Questionada sobre o sentimento da família neste momento, Mónica de Pina garante que estão todos “muito tristes”. Quanto à mãe, admite que está a reagir bem por ser uma pessoa positiva. “A agressão a afectou mentalmente, sobretudo porque um dos agressores é alguém que ela confiava e que morava na minha casa, em um quarto alugado. A minha mãe mora sozinha, por escolha. Ela é uma pessoa que gosta de estar em sua casa. Mas desde o roubo está morando com a minha irmã.”

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Segundo Razell de Pina, uma das organizadoras da manifestação, o objectivo é envolver as pessoas, independentemente de serem moradores ou não de Madeiralzinho, e espalhar o pedido por mais segurança e por justiça. “Não queríamos que fosse algo relacionado apenas com a nossa avó. Queremos que seja algo mais abrangente, inclusive porque temos o caso de uma outra idosa que foi assassinada no ano passado e ainda não têm uma resposta. E ainda um terceiro que foi há anos. Os familiares mostraram interesse em estar presentes e concordamos porque entendemos que, quanto mais gente, melhor.”

Razell deixou claro que a intenção não é criticar a polícia, que muitas vezes detém os meliantes. Mas depois são libertados pelo Tribunal. Mas entende que as coisas não podem continuar como estão. “As pessoas saem das suas casas para trabalhar e quando cheguem em casa percebem que os seus bens foram roubados. Hoje estamos todos com medo. É preciso que as coisas mudam. O que aconteceu com a minha avós foi uma tentativa de homicídio, até porque, com a sua idade, ela poderia ter morrido apenas com o susto.”

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Os manifestantes partiram da Praça Manel Ratim passaram pela residência de Nha Ninha e pretendiam dirigir-se à Esquadra da Polícia Nacional em Fonte Inês e ao Palácio da Justiça. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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