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Manifestação com baixa adesão de vigilantes em S. Vicente: “Desmotivante!”

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Foram poucos os agentes de segurança privada – cerca de uma dezena e meia – que estiveram presentes na manifestação realizada na manhã de hoje em São Vicente. Por conta disse, ao invés de percorrerem as ruas da cidade do Mindelo, com paragem à frente do Ministério do Mar como estava inicialmente previsto, optaram por se concentrar na Praça Dom Luís, empunhando cartazes com apelos ao cumprimento das promessas, pedidos de promoções e progressões, divulgação do salário de 14.450 escudos, entre outros. 

O delegado do Sindicato de Indústria, Alimentação, Construção Civil e Afins (Siacsa), Heidi Ganeto, reconheceu que a baixa adesão dos vigilantes aos protestos e manifestações para reivindicar os seus direitos já não é novidade. “É uma situação que lamentamos imenso. O sindicato faz o seu trabalho e passa as informações nos seus postos de trabalho, mas não aparecem,” admitiu

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Em São Vicente, esclarece, existem cerca de 800 vigilantes, distribuídos por várias empresas de segurança e o Siacsa convocou pelo menos os colaboradores das três maiores empresas presentes no mercado, no caso da Sonasa, do Silmac e da Sepricav, mas também chamou os colaboradores da Roma e Setelima. “Estávamos à espera, no mínimo, com a presença de uma centena de vigilantes neste protesto,” sublinhou, responsabilizando os próprios agentes de segurança.

A seu ver, o sector não está a viver um bom momento e demanda atenção, sobretudo do Governo, devido a falhas na fiscalização, mas também por ser o maior cliente das empresas de segurança privada. “O Governo não cumpre com o Preço Indicativo de Referência (PIR) e as empresas afirmam que, devido a este incumprimento, não podem aplicar o Acordo Colectivo de Trabalho (ACT). Importa referir que estes dois dispositivos precisam ser revistos com urgência  porque já não beneficiam os vigilantes.”

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Na qualidade de representante de cerca de 300 vigilantes como associados em São Vicente, entende Heidi Ganeto que é dever do Siacsaa convocar esta classe para a luta. Mas concorda que os colaboradores não estão preocupados com o incumprimento dos acordos e nem com a violação dos seus direitos. “É desmotivante para nós que estamos à frente desta luta”, desabafou. 

O delegado do Siacsa aproveitou para informar que, em setembro, o processo para exigir o cumprimento do Acordo Colectivo de Trabalho, que tinha dado entrada no Tribunal em 2021, favoreceu os vigilantes. Ainda estão a decorrer os trâmites legais, mas Ganeto garante que as empresas privadas serão obrigadas a liquidar os retroativos e a integrá-los no ACT. “Mas estamos aqui agora para fazer uma chamada de atenção ao Governo para fiscalizar este sector. E a situação tende a agravar-se a cada dia que passa.”

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Joaquim Faial, um dos agentes de segurança privada que já soma 33 anos de serviço, foi um dos poucos vigilantes a marcar presença no protesto e a aceitar falar à imprensa. “Os meus colegas não ajudam. Concordam com as reivindicações e estão descontentes, mas nunca aparecem nas manifestações. E quem ganha com isso é o Governo e as próprias empresas.” 

Este vigilante diz não entender os receios dos colegas, se é medo de serem reconhecidos ou então de alguma retaliação. “Podiam estar aqui connosco, mas falta-lhes coragem para reivindicar os seus direitos. Sempre encarei o meu trabalho com força, mesmo com o salário sempre baixo. Somos explorados.“

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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