Mais de três dezenas de grávidas com 30 semanas ou mais de gestação participaram no início da tarde desta quarta-feira, 8 de junho, em uma formação, que arrancou às 12 horas na Biblioteca da Delegacia de Saúde de São Vicente sobre a preparação para o trabalho de parto. O objectivo desta formação, que foi ministrada pela obstetra Nilce Santos, é dar orientação às grávidas sobre os diversos passos do trabalho de parto e o que pode ser feito para aliviar a dor.
Em declarações ao Mindelinsite, a médica Nilce Santos explicou que esta formação integra um projecto com grávidas que fazem seguimento nos centros de Saúde em São Vicente, sobretudo aquelas que já se aproximam do fim da gestação. “Demos orientações mais específicas em relação ao parto, o que podem esperar, o que seria e é normal no processo, o que pode ser feito para aliviar a dor, qual o melhor momento para ir ao hospital, de entre outras informações”, explicou
Esta obstetra justifica a necessidade destas orientações com o facto de muitas vezes as parturientes se deslocarem ao hospital logo nos primeiros sinais do parto, o que resulta em internamentos e aumenta a sua ansiedade. “Este é um projecto educacional em saúde para as grávidas, para aumentar a informações e, consequentemente, o resultado final. Acreditamos que quanto mais informações tiverem, melhor para as futuras mamãs. Hoje temos aqui mais de 30 grávidas com 30 semanas ou mais de gestação, que vieram dos seis centros de saúde de S.Vicente.”
Trata-se da quarta formação do género, a segunda a ser ministrada na Delegacia de Saúde. Antes, diz, as formações era feitas no PMI da Bela Vista. “A ideia é ser algo multidisciplinar, isto é, com a participação de uma enfermeira, uma obstetra, uma obstetriz e um fisioterapeuta. Infelizmente hoje não tivemos aqui o fisioterapeuta”, informa Nilce Santos, que anunciou para a próxima semana uma formação sobre amamentação. “Dividimos os temas para não ficar extenso e abordar, ao mesmo tempo, vários assuntos, também por forma a captar a atenção dos parturientes.”
Sobre a ausência dos homens nestas formações – apenas um homem presente em mais de 30 mulheres grávidas -, Nilce Santos faz mea culpa e admite que, muitas vezes, são os profissionais de saúde que excluem os companheiros. Outras vezes a justificação é o horário, sendo que trabalha. Mas garante que é permitido e desejável a presença dos homens porque acabam por tranquilizar as mulheres na hora do parto. “Sabemos que muitas vezes as mulheres vão para o hospital e são retornadas para casa, em alguns casos por diversas vezes. Isto aumenta a ansiedade das parturientes, que sentem que não estão a receber a atenção devida. Temos de desmistificar esta ideia e mostrar que o trabalho de parto leva tempo e tem várias fases”, sustenta.
As formações têm uma periodicidade bi-mensal, mas esta obstetra acredita que, logo que o processo estiver mais estruturado, o tempo pode ser diminuído. Mostra-se igualmente satisfeita com o envolvimento de outros profissionais. “Todos são bem-vindos”, enfatiza.
É o caso da enfermeira lusa Margarida Peixoto, que se encontra em Cabo Verde no quadro de um projecto de voluntarismo da Organização das Mulheres de Cabo Verde, que combina voluntariado e turismo sustentável, que diz estar aqui para conhecer e para dar a sua contribuição na sua área. “Tenho formação em Saúde Materna e Obstetrícia, ou seja, sou parteira. Vou ministrar uma formação na OMCV. Hoje estou aqui para assistir e apresentar o meu projecto. Vou aproveitar para convidar as grávidas paras as rodas de conversas sobre trabalho de parto e parto, amamentação, cuidados ao bebé e às mães no pós-parto, que terão lugar amanhã e sexta-feira, entre as 10 e as 11h30.”