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Leila Portela conversa com mulheres do programa Reforço Familiar do Centro SOS sobre diferentes formas de violência

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O auditório da Escola Industrial e Comercial do Mindelo “Guilherme Dias Chantre” recebeu na tarde de ontem o workshop “Laços fortes, Lares Seguros: Construindo relações saudáveis e superando a violência doméstica”, no quadro do programa de Reforço Familiar – Melhorando a situação das crianças da cidade do Mindelo. O evento foi promovido pelo Centro SOS Mindelo e foi orientado por Leila Portela, especialista em Igualdade de Género e Empoderamento Feminino. 

Foram horas de diálogo e de partilha entre a palestrante e os participantes sobre as diferentes formas de violência: física, verbal, emocional, sexual e financeira. Leila Portela começou a sua explanação com um relato dramático da violência sofrida na infância e pelo testemunho de agressões sistemáticas à sua mãe. Uma história dolorosa, mas que acabou por criar empatia, por causa da sua superação.

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Quanto eu tinha 11 anos, o meu padrasto correu atrás de mim com uma pistola, por eu ter tentando evitar que a minha mãe continuasse a apanhar do meu padrasto. Foi sofrido e não tive qualquer tipo de ajuda. Mas hoje a minha satisfação, ao encontrar o meu agressor, foi perceber que ele tem mais medo de mim do que eu dele”, afirmou Leila Portela, que se expressou o seu contentamento por ver que muitas mães que participaram do workshop levaram os filhos. 

“É bonito ver que muitas mulheres trouxeram os seus filhos. Mostra que não os deixam para trás. As crianças aprendem por reflexo e, amanhã quando forem para a escola, podem dizer aos colegas que participaram de uma conversa sobre violência. É nesta idade que as pessoas são influenciadas”. 

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Sobre o tema em si, Leila Portela lembrou que hoje a violência caracteriza a sociedade, seja ela sexual, emocional, física e financeira. É uma realidade pelo que é essencial reconhecer, prevenir e superar, por forma as pessoas, sobretudo às famílias do projecto e as apoiadas pela rede de parceiros, a fim de fortalecer o seu entendimento sobre lares mais seguros e saudáveis. 

Segundo a palestrante, é importante saber o que fazer para ajudar, ou seja, quebrar o silêncio e deixarmos de ser cúmplice de uma sociedade que, na maior parte das vezes, as pessoas afundam por causa da violência. Para isso, disse, é preciso identificar os tipos de violência, descontrair os mitos e estereótipos associados à violência domestica e explorar as causas e fatores de risco. 

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Para Graça Gomes, a ideia de realizar este workshop foi trazer as famílias do projecto e também os parceiros para falar de forma aberta sobre a questão da violência baseada no género e na sua globalidade, desde física, emocional, financeira e sexual e, em conjunto, encontrar formas de combater ou minimizar. “Concluímos que ainda há muito por fazer. Fomos aqui confrontados por questões culturais que estão enraizadas na nossa sociedade.  Entendo que cabe, primeiro, a cada um de nós fazer uma mudança própria para depois ajudar os outros. Isto porque muitas vezes sofremos violência no dia a dia e acabamos por entender que é algo natural”, declarou a directora do Centro.

Em suma, é preciso entender para poder lidar com a violência, sendo que este é um problema que deparam com freqüência no terreno. Nestes casos, optam por fazer denuncias, garantir o suporte psicológico e, nos casos mais graves, recorrem aos parceiros que estão mais capacitados para lidar com o problemas.  

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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