Gizela da Luz procurou o Mindelinsite para pedir ajuda à Câmara Municipal de S. Vicente. A jovem, que é uma adicta em recuperação e tem dois filhos menores – um de 7 e um de 9 anos – , um dos quais diagnosticado com uma atrofia cerebral, está a residir provisoriamente e de forma precária no Quintal das Artes na cidade do Mindelo, local que, afirma, não dispõe das mínimas condições de habitabilidade. “Não tem cozinha e nem casa de banho. Somos obrigados a utilizar o WC Municipal, mas este está aberto apenas nos horários de expediente”, relata.
Gizela da Luz, que antes residia na zona de Cruz João Évora em S. Vicente, ficou conhecida nas redes sociais após pedir apoio para a filha que precisava fazer um TAC. Nesta altura, conta, residia na ilha do Sal. “A minha filha foi diagnosticada com um tumor cerebral e recorri às redes sociais para pedir apoio para fazer o TAC. Nessa altura ficamos mais de uma semana internadas no Hospital Ramiro Figueira. Depois fomos evacuados para Praia, onde fizeram apenas uma tele-consulta à minha filha”, informa.
Inconformada com a situação, Gizela diz que resolveu vir para S. Vicente para tentar um melhor tratamento para a menina de 7 anos. “Recebi apoio de algumas pessoas residentes em Cabo Verde e na diáspora e conseguimos viajar e custear uma consulta e uma ressonância magnética na Clinica Medicentro. O diagnóstico é de que a minha filha tem uma atrofia cerebral ,que poderá, no futuro, provocar outras complicações”, detalha, realçando que, por agora, a doença se manifestada através de convulsões, que são tratadas com recurso a um medicamento administrado para epilépticos.
Por conta da doença, a jovem acredita que viver no Quintal das Artes, ainda que a titulo provisório, acarreta mais riscos para a filha. Risco que ficou bem evidente por ocasião da URDI 2020 em que esta caiu sobre uma mesa de vidro onde estavam expostas algumas peças de arte e que resultou num ferimento na perna. O corte foi costurado com mais de oito pontos.
“Consegui o espaço no Quintal das Artes graças a ajuda de um amigo e sou grata. Inicialmente era apenas para armazenar mobiliário mas, na falta de alternativa, acabei por ficar. Mas ali não oferece as mínimas condições para viver. Não tem cozinha e nem casa de banho. Dormimos num colchão, no chão, mas minha filha tem alergia então preciso colocar muitos lençóis. Faço algumas peças de arte, mas não tenho Seguro e tenho de comprar medicamentos e alimentar os meus filhos. A situação é mesmo difícil”.
Sem respostas
Sem alternativa, a jovem conta que recorreu à CMSV para tentar conseguir um alojamento, até para poder ter mais tranquilidade para ajudar os filhos. Há cerca de duas semanas que tenta falar com presidente Augusto César Neves, inclusive já esteve na sua casa, sem sucesso. “Consegui aborda-lo na porta da CMSV, mas ele me disse que estava sem a sua pasta, pelo que deveria voltar mais tarde com os exames da minha filha. Desde então nunca mais consegui chegar à fala com o edil. Desesperada, fiz cópia dos documentos, coloquei num envelope acompanhado de uma carta explicando a minha situação e fui meter debaixo da porta da sua casa. Não obtive resposta.”
No Departamento Social foi informada que a CMSV não dispõe de nenhuma habitação vaga de momento, relata Gizela que, mesmo sem emprego, propôs então o aluguer de uma casa social. “Responderam que este assunto ultrapassa as competências desde serviço e me encaminharam, uma vez mais, para o presidente da Câmara Municipal de S. Vicente.”
Devido a impossibilidade de falar com o autarca mindelense a jovem decidiu recorrer ao Mindelinsite, na esperança de que o seu pedido chegue a quem de direito para que possa receber a ajuda de que precisa. Lembra que, enquanto adicta em recuperação, precisa de paz e tranquilidade, impossíveis nesta situação de desespero. “Não quero ter uma recaída. Quero apenas concentrar as minhas forças e ajudar os meus filhos”, assegura.