A inobservância do estabelecimento dos faróis de navegação, a execução de manobra por parte de um tripulante sem nenhum tipo de formação e o não acompanhamento da navegação por parte do mestre foram os factores que provocaram o acidente entre as embarcações de pesca “Ponta de Peça” e “Djesone”, ocorrido no dia 7 de fevereiro em S. Pedro, S. Vicente, e que provocou uma vítima mortal. A conclusão consta do relatório final elaborado pelo Instituto de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Marítimos (IPIAAM),. O documento realça ainda que o choque entre os barcos poderia ser evitado se os mestres monitorassem a navegação nas proximidades com recurso ao radar e vigias e especificamente a distância entre si.
“As manobras executadas por parte das duas embarcações foram com total foco na perseguição do cardume e sua captura, renegando para segundo plano a segurança da navegação”, salienta o IPIAAM, lembrando que a segurança da embarcação e dos seus tripulantes é da responsabilidade do Mestre, mesmo que, por motivos de conhecimentos específicos de pesca, a execução da manobra seja delegada ao “Mestre de Pesca” (pescador).
O acidente, enfatiza essa autoridade, ocorreu à noite durante a faina junto ao farol de S. Pedro. Chegados a esta zona, os dois barcos esperaram pelo ocaso da lua – registado próximo da meia-noite – e depois iniciaram a pesca. “Cada embarcação identificou um cardume e começaram, ambas, a manobrar por forma a cercar o respetivo cardume e lançar a rede, tendo para tal navegado a várias proas e regimes de máquinas”, revela o instituto.
Dessas manobras resultou a aproximação excessiva entre as duas unidades e a consequente colisão. Acontece, conforme o IPIAAM, que, no momento do acidente, nenhuma das embarcações tinha os faróis de navegação estabelecidos, estando apenas sinalizadas com uma pequena luz vermelha no mastro, visível a curta distância.
O acidente provocou uma vítima mortal e avultados danos materiais. A bordo de “Ponta de Peça” estavam 18 pessoas e 17 em “Djesone”. Perante o trágico resultado dessa colisão, com uma vítima mortal, as duas embarcações entraram em contacto com os respetivos armadores e com as autoridades em terra e regressaram imediatamente aos seus portos de origem, em Santo Antão. O óbito foi confirmado pelas autoridades após a chegada do barco Djesone à cidade do Porto Novo.
O Instituto refere que a sua investigação se baseou em entrevistas com entidades competentes – como a Capitania dos Portos de Barlavento, a Delegação Marítima de Santo Antão, a Associação dos Armadores de Pesca – bem como às equipas das embarcações envolvidas e acesso a documentos.