O Sindicato de Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (Sitthur) já apresentou uma queixa na Inspeção-Geral do Trabalho e na Agência de Aviação Civil contra a TACV por alegada violação do artigo 120 do Código Laboral, que proíbe a empresa de realocar trabalhadores, interromper férias ou folgas para cobrir a ausência. Ainda assim, o trabalhador e delegado sindical Ailton Martins garante que a adesão nos dois primeiros dias ronda os 70%.
Em entrevista ao Mindelinsite, Martins explicou que a greve, que já vai no seu segundo dia consecutivo, está a decorrer de forma satisfatória, mas aquém do esperado, tendo em conta as “manobras” que estão a ser executadas pela transportadora para tentar manter a imagem de normalidade. “Mesmo com violação grave do artigo 120 do Código Laboral temos uma adesão à volta de 70%. O artigo diz expressamente que é proibido deslocar colaboradores de outras ilhas, no caso do Sal para Santiago, ou ainda ir buscar funcionários em gozo de férias ou de folga para cobrir as ausências do pessoal em greve como forma de minimizar os efeitos da paralização”, especifica este colaborador.
Esta prática, afirma, conseguiu reduzir a adesão para cerca de 70% e também está a minimizar o impacto esperado, aproveitando para também denunciar casos de pessoas que, indica, estão a ser ameaçadas ou coagidas a comparecer ao local de trabalho, pelo que decidiram apresentar queixas formais à IGT e à AAC. “Estamos à espera da resposta destas duas instituições. Entretanto, a empresa, ao invés de procurar o diálogo, tem adotado uma atitude de quero, posso e mando. Não se abre à negociação e também não respeita o documento assinado em sede da Direção-Geral do Trabalho. Está a tentar de todas as forma inviabilizar a nossa greve”, acrescentou Ailton Martins.
De referir que ontem a TACV emitiu uma curta nota onde diz que os voos da CV Airlines de e para o aeroporto internacional Nelson Mandela, na cidade da Praia, entre os dias 10 e 14 de julho, podem sofrer perturbações na sua programação devido a greve dos trabalhadores da CV Handling. “Lamentamos qualquer inconveniente que esta situação possa causar e recomendamos que os passageiros verifiquem regularmente o estado dos seus voos. Estamos a trabalhar para minimizar os impactos e garantir a melhor experiência possível”, informa a companhia aérea.
A greve de quatro dias dos trabalhadores da CV Handling, recorda-se, foi anunciada pelo Sindicato dos Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (Sitthur), que apresentou como justificativa o não pagamento de subsídios. Segundo Joaquina Almeida, a suspensão dos trabalhos abrange todos os serviços, desde operadores de serviços gerais e auxiliares, operadores de assistência em escala, serviços de equipa e manutenção de escala e técnicos de assistência em escala.
A CV Handling emprega cerca de 500 trabalhadores, uma boa parcela colocados no aeroporto da Praia. A adesão à greve ronda os 70%, segundo o Sitthur.