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Grace Beatriz presenteia jovem de Porto Novo por coragem e lealdade para com irmã falecida

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Grace Beatriz premiou Margarida Delgad, com a oferta de um perfume personalizado com o nome da irmã Arlete Delgado, que morreu de cancro há 13 anos e deixou os filhos menores sob a sua responsabilidade. Com este gesto singelo, Grace explica que quis reconhecer o esforço e a dedicação de “Magui” e relembrar a força e coragem com que Arlete enfrentou a doença, para além de cumprir a promessa de manter o contacto com a família.  

O encontro aconteceu na tarde de ontem em um dos hotéis de São Vicente, no dia em que completou 13 anos do passamento de Arlete Delgado. Emocionada, Magui conta que se sentiu honrada com o gesto da amiga, que a ajudou nesta árdua tarefa de criar os filhos da irmã. “Estou muito emocionada porque não foi fácil assumir tamanha responsabilidade. A minha irmã faleceu e deixou cinco filhos. Assumi os quatro mais pequenos, com idade compreendida entre os 2 e os 12 anos”, afirma, realçando que o filho maior, um rapaz, acabou por ficar com os avós paternos.

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Magui agradeceu primeiramente a Deus, mas também o apoio de Grace Beatriz, que a ajudaram para que tudo corresse de feição. “Não foi fácil porque, de uma assentada, ganhei seis crianças, incluindo os meus dois filhos. Mas só tenho a agradecer porque hoje a mais velha já assumi as suas responsabilidades. Mora na sua casa e tem um filho. Os restantes continuam comigo. Estudaram e todas tem tido bom aproveitamento”, acrescenta.

Já Grace disse que o encontro com Arlete foi um acaso do destino, que acabou por se transformar em uma amizade sincera. “Conheci Arlete em um lar que recebia doentes evacuados africanos em Portugal. A sua situação do lar era deplorável, inclusive cheguei a fazer uma denuncia das más condições na imprensa portuguesa. Por isso, estava proibida de visitar o lar. Mesmo assim fui escondida e Arlete me levou para seu quarto. Ela contou-me a sua história e senti-me tocada. Percebi que ela precisava falar e limitei-me a escutar. Decidi então ajudá-la.”

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Grace e Arlete na sua última viagem à Santo Antão

Entrou em contacto com os seus familiares em Santo Antão. Meses depois, Arlete veio para Cabo Verde e encontraram em Porto Novo. Nesta altura, a jovem já estava debilitada, mas a alegria foi contagiante. Grace acabou por pernoitar na casa da família. “Era por altura de São João. Fiquei chocada com o seu estado na altura, mas senti-me parte da sua família. Acompanhei Arlete à Câmara Municipal onde foi pedir uma moradia do projecto Casa para Todos. Dias depois voltamos a encontrar em São Vicente, quando regressava à Portugal. Mas nesta altura estava muito debilitada. Viajou, mas do aeroporto foi levado directo para o hospital, onde viria a falecer. Mas nunca perdi o contacto com a família.”

Foi um período difícil, mas a família se uniu para enfrentar a situação. Foi isso que motivou o encontro ontem em São Vicente para Grace “abraçar” a irmã de Arlete, Guigui Delgado. “Foi um gesto simples, mas acho que ela é merecedora dest por sua coragem e também por sua lealdade à Arlete. É um exemplo de uma irmã que assumiu uma enorme responsabilidade com apenas 26 anos. Trata-se de um gesto simbólico. Como Arlete gostava de J´Adore, fui propositadamente à França, onde consegui eternizar o nome da falecida no perfume para lhe oferecer.”

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Arlete Delgado faleceu a 16 de julho de 2008 em Portugal, aos 33 anos. Deixou cinco filhos, entre os 2 e os 17 anos.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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