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Funcionários do Saneamento e Bombeiros da CMSV agendam manifestação e não descartam pré-aviso de greve

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Os funcionários do serviço de Saneamento e os Bombeiros Municipais de São Vicente decidiram realizar uma manifestação pacífica na próxima quinta-feira, 27, liderados pelo sindicato Siacsa, para chamar a atenção da Câmara e da população desta ilha para as “condições precárias” de trabalho e reivindicar melhorias. Mas, o sindicato garante manter aberto o diálogo, que até agora se tem revelado impossível porque, diz, a CMSV ignora as notas que envia. O vereador do Pelouro dos Bombeiros passa “a bola” para o presidente Augusto Neves, enquanto o seu colega do serviço do Saneamento mostra-se tranquilo e afirma que manifestar é um direito do trabalhador. 

Segundo o Siacsa, foram enviadas duas notas à CMSV, um dos bombeiros em agosto para reclamar o descongelamento das promoções, mas também a sobrecarga de trabalho, tendo em conta que existem em S. Vicente apenas onze bombeiros efectivos, quando o Estatuto diz que devem ser 25. E uma segunda comunicação dos funcionários do Saneamento.

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Os bombeiros estão com três promoções em atraso. Os mais antigos estão em casa à espera da promoção para poderem avançar para a reforma. Efectivos são apenas 11 e , por conta disso, muitas vezes são obrigados a trabalhar sem folgas e a fazer turnos de duas pessoas. É uma situação preocupante”, informa o sindicalisa Heidi Ganeto, para quem muitas vezes os bombeiros são muito criticados pela população de forma injusta, porque não têm condições para fazer mais. 

A agravar a situação, afirma este dirigente sindical, o parque automóvel afecto aos bombeiros está velho e obsoleto, pelo que as viaturas estão na maioria das vezes avariadas ou na oficina da Câmara, o que condiciona ainda mais o seu desempenho e a prestação de serviço à ilha. Por isso, esta manifestação, diz, é uma chamada de atenção para a CMSV, especificamente para o presidente A. Neves, e também uma forma de explicar à população as reais condições de trabalho dos bombeiros. “Temos de sentar à mesa para falar. Se tal não for possível, não descartamos entregar um pré-aviso de greve até final deste ano. Temos informações que a CMSV não quer receber os sindicatos, mas vamos insistir. Aliás, a autarquia sequer tem repassado os descontos dos trabalhadores para os sindicatos. Às vezes acumula até seis meses sem pagar”, denuncia Ganeto.

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Relativamente aos funcionários do Serviço de Saneamento da Câmara Municipal,  pontua, estes reivindicam essencialmente novos equipamentos de protecção e um melhor horário de trabalho. Questionam, entretanto, a forma de abordagem e falam mesmo em perseguição por parte dos capatazes. “Os funcionários do Saneamento trabalham das 6h às 10 e das 13 às 17 horas. Por uma melhor organização da sua vida, gostariam de fazer um horário único, ou seja, das 6 às 14h30. Quanto às queixas contra o capataz, alegam que são cortados dias sem razão, por exemplo, apenas por fazer uma pausa para beber água ou para um pequeno descanso”, relata Heidi Ganeto. 

Vereador dos Bombeiros desconhece nota do Siacsa

Confrontados, o vereador do Pelouro dos Bombeiros, Anilton Andrade, confirmou a veracidade das reclamações feitas pelo Siacsa, mas diz não ter conhecimento de qualquer nota enviada por este sindicato via CMSV, pelo que preferiu passar os esclarecimentos para o presidente. Já o autarca que responde pelo Pelouro do Saneamento admite estar a par da manifestação agendada para o dia 27, que considera um direito dos trabalhadores. Logo, diz, do lado da CMSV não há problema. 

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José Carlos aproveita, no entanto, para alertar este sindicato a não se preocupar apenas com os direitos dos trabalhadores. “Temos muita coisa que gostaríamos de melhorar e  que queremos sentar e discutir com o sindicato. Pediram de facto um encontro, mas estamos à espera do momento certo. Estávamos a concertar uma data com a directora de Recursos Humanos da CMSV. Agora, se fizeram fuga em frente com esta manifestação, já não há a necessidade de responder ao Siacsa”, declara este entrevistado Mindelinsite.

Este vereador realça que a CMSV debate-se com muitos constrangimentos na sua relação com os colaboradores do serviço de saneamento, destacando como exemplo o absentismo elevado, alcoolismo, falta de assiduidade e de pontualidade. Em termos de equipamento, diz, houve um levantamento e garante que, ainda há dias, estes receberam botas e outros materiais individuais. No entanto, acrescenta, estes não são utilizados pelos funcionários ou acabam vendidos. “Como digo, manifestação é um direito do trabalhador. Sobre o horário, cumprem oito horas diárias e, sempre que excedem qualquer minuto, recebem hora extra. A questão do horário único, conforme a sua proposta, não se aplica por ser um trabalho específico. Estamos a falar da limpeza pública, pelo que não podemos ficar com a cidade e arredores sem limpar a partir das 14h30, como sugerem”, reforça o vereador, para quem, até prova em contrário, o horário em vigor é o melhor. 

Quanto às queixas sobre faltas e corte de dias laborais, José Carlos pede ao sindicato para clarificar a sua posição. Segundo este autarca, falta é ausência do local de trabalho. Alega que, no caso, são pessoas que se apresentam no trabalho e que são enviadas para os seus postos e fogem. “Todas as vezes que recebemos queixas dos trabalhadores pedimos que o façam por escrito. Durante a averiguação, constatamos que são pessoas que fogem dos seus postos de trabalho. Depois falam em perseguição, explica este autarca, que aproveita para pedir ao sindicato para dialogar com a CMSV para que possam discutir estes e outros aspectos que precisam ser melhorados.

O sindicato defende os interesses dos trabalhadores. Mas, no caso, gostaríamos de ter o sindicato como parceiro e nunca como adversário porque acreditamos que existem muitos aspectos que precisam ser discutidos e melhorados”, frisa o vereador José Carlos.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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