Um grupo de funcionários apresentou-se esta terça-feira, 22 de outubro, na Atunlo, um dia após o fim do lay-off, ou seja, da suspensão temporária dos trabalhos, mas encontrou a fábrica vazia. Indignados, exigem uma resposta definitiva por parte da empresa, tendo em conta que estão em casa desde fevereiro, recebendo metade do salário – 6.800 escudos mensais – e muitas vezes parcelado. O Siacsa promete enviar uma nota à Direção-Geral do Trabalho para tentar um acordo com a empresa e ameaça seguir a via judicial para salvaguardar os direitos dos trabalhadores.
Em declarações à imprensa, o coordenador local do Siacsa explicou que os trabalhadores cumpriram a sua parte e se apresentaram, tendo em conta o fim do lay-off, mas encontraram a fábrica vazia. ‘Deparamos apenas com a diretora dos Recursos Humanos, que nos informou que está a aguardar uma resposta da empresa-mãe, na Espanha. Entendemos que deveriam ter solicitado esta resposta com antecedência. Precisamos saber como fica a situação dos colaboradores porque, a partir de hoje, o salário retorna aos parâmetros iniciais, ou seja, a 100 por cento,’ afirmou Edy Ganeto, que aproveitou ainda para denunciar que os trabalhadores estão há dois meses sem receber salário lay-off.
Este dirigente sindical mostra-se igualmente preocupado com as dívidas para com o INPS, que podem levar à suspensão da segurança social já no final deste mês. Perante estas situações, sublinha, o Siacsa enviou uma nota ao Ministério do Mar, solicitando um encontro. Mas, mais uma vez, não houve resposta. ‘A nossa ideia era criar uma comissão formada por trabalhadores e um representante sindical para inteirar o ministro da situação da Atunlo. Mas novamente voltaram às costas aos funcionários. Da primeira vez, o então ministro A. Vicente declarou, através da imprensa, que o MM não era DGT. Agora simplesmente não houve resposta. O ministro Jorge Santos está mais preocupado em fazer campanha.’
Edy Ganeto lembra que os trabalhadores estão em lay-off desde fevereiro, ou seja, passaram-se 120 dias, mais uma prorrogação de dois meses acordada com o sindicato, na expectativa de a empresa retomar a atividade. Por isso, exige uma resposta clara por parte da Atunlo, seja ela despedimento colectivo ou regresso ao trabalho. ‘Os trabalhadores não podem continuar nesta incerteza, sob pena de agirmos de acordo com a lei. Aliás, ainda hoje vamos enviar uma nota à DGT solicitando um encontro ou então vamos seguir pela via judicial para tentar salvaguardar os direitos dos trabalhadores. Já temos um advogado preparado. Através do diálogo não estamos a conseguir nada. A empresa foge do sindicato e dos trabalhadores.Está aqui apenas a diretora do RH, que diz ser ela também uma funcionária,’ reforça.
Situação desesperadora
Para Cilene Silva, porta-voz dos colaboradores da Atunlo, a atual situação é desesperadora porque a empresa não dá a mínima abertura e nem se preocupa em saber as dificuldades que enfrentam para garantir a alimentação dos filhos, o pagamento da renda, custear o jardim e a escola dos filhos, etc. ‘A única vez que fomos chamados aqui foi para nos informar da prorrogação do lay-off. Quando telefonamos não atendem. Estamos ao Deus dará. E ninguém faz nada.’
Na tentativa de debelar as dificuldades e garantir o sustento das famílias, afirma, procuram trabalho à dias, ou seja, sem vínculo. ‘No início, éramos 210 trabalhadores no lay-off. Acredito que agora somos em menor número porque alguns optaram por desvincular para poderem procurar outros empregos. Durante os seis meses do lay-off, mais os dois de prorrogação, recebíamos 50 por cento do salário, isto é, 6.800 escudos, pagos a prestação de 3 mil, 2500 e até mil escudos. E nos últimos dois meses não recebemos nada. O lay-off terminou ontem mas, como sempre, não nos deram nenhuma satisfação.’
E situação poderá agravar-se a partir de agora porque a Segurança Social está prestes a expirar, o que a leva, em nome dos colegas, a exigir uma definição por parte da empresa. Isto porque, não podem assinar novos contratos, pelo menos enquanto não resolverem a situação com a Atunlo, diz esta colaboradora, que trabalha na Atunlo desde 2017 e espera não sair com as mãos a abanar.