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Familiares de Willian Silva preparam queixa contra HBS por “negligência médica”: Arlindo Fonseca não aceita que filho morreu por Covid-19

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O advogado da família do jovem Willian Silva, falecido no passado dia 28 de abril no Banco de Urgência de Adultos do HBS, está neste momento a ultimar uma queixa-crime contra o referido hospital por alegada negligência médica. Arlindo Fonseca, pai do rapaz de 25 anos, recusa aceitar a tese de que o filho foi vítima de Covid-19 porque, afirma, no Atestado de Óbito isso não consta e antes foram apontados problemas pulmonar e renal como causas da morte. Abordado pelo Mindelinsite, o Director Clínicio do HBS, Paulo Almeida, limita-se a dizer que nunca foram contactados pela família a solicitar por escrito qualquer informação médica sobre o falecimento do jovem.

Mais de um mês após o falecimento do filho, a revolta e a mágoa de Arlindo Fonseca com a suposta falta de assistência a Willian Silva no Banco de Urgência do Hospital Baptista de Sousa continuam intensas. “O meu filho chegou ao hospital no dia 26 de abril por volta das 10 horas e voltou para casa às 6h com uma receita na mão. Estava chateado porque, segundo ele, o médico limitou-se a perguntar-lhe o que estava a sentir e fez a receita. Aliás, prometeu que não voltaria a procurar os serviços de saúde porque para ele não valia a pena. No dia seguinte, como a sua situação agravou-se, decidi eu mesmo levá-lo ao hospital. Chegamos às 11 e, as 4 horas da manhã, ele já estava morto”, desabafa.

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Inicialmente, prossegue, alegaram que Willian estava com um problema pulmonar e, logo de seguida, renal. Segundo Fonseca, depois da morte vieram dizer que era Covid-19.  “Se o meu filho tivesse recebido um atendimento adequado no primeiro dia, se tivessem feito um raio-x ou uma simples análise, saberiam qual era o seu problema. Mas limitaram-se a fazer uma receita. Não entendo. Os médicos estão no hospital para cuidar da saúde das pessoas, como eu, enquanto polícia, sei que a minha profissão é defender a integridade e proteger as pessoas. Então, porque não prestaram a devida assistência ao meu filho quando procurou os serviços de saúde?’, interroga Fonseca, realçando que nunca foi contactado pela direcção do hospital. “Através da imprensa, soube que iam abrir um inquérito para averiguar o que não sei. Também não sei os resultados do mesmo. Por isso decidi dar entrada ao processo. Alguém precisa ser responsabilizado.”

Enterrado como indigente

O entrevistado do Mindelinsite admite que não são a primeira e nem serão a última família a passar por este sofrimento. Mas, no seu caso, garante, a justiça não vai morrer solteira.

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“Não desejo a ninguém o sofrimento que estamos a passar. O meu filho morreu por falta de assistência e querem que isso passe em branco. O mais triste é que ele foi sepultado como um indigente, sem dignidade e, na falta de um diagnóstico correto, escondem-se por detrás da Covid-19. Entretanto, ele morreu numa quarta-feira e, foi só no sábado, depois de telefonar três vezes para o Delegado de Saúde, que decidiram testar a família. E os resultados foram negativos, excepto por uma neta de 9 anos que sequer tinha contacto com Willian.”

Por conta disso, o cepticismo da família quanto à verdadeira causa da morte deste jovem aumentou ainda mais. Segundo Arlindo Fonseca, o seu filho sempre foi muito saudável. No entanto, de um dia para outro, sentiu-se mal, morreu e entrou para a estatística nacional da Covid-19. “Abracei e beijei meu filho, estivemos sempre de mãos dadas no hospital e não adoeci. William, que sempre foi um jovem saudável, em 24 horas recebeu primeiro um diagnóstico de um problema pulmonar, depois renal e, após o seu falecimento, de Covid-19. No entanto, o atestado de óbito não especifica a causa da morte, o que eliminaria qualquer dúvida. Não tiveram a mínima consideração pela vida do meu filho.”

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Confrontado, o Director Clínico do HBS alegou não estar em condições de prestar quaisquer informações sobre este caso, por se encontrar em formação. Este afirmou, no entanto, que os familiares do jovem nunca contactaram o hospital. “Não recebemos nenhum pedido de informação por escrito da família da vítima. Normalmente, só pronunciamos em caso de solicitação. E eu, posso garantir, não recebi nada”, assegurou Paulo Almeida.

Entretanto, o Mindelinsite está em condições de informar que o advogado da família da vítima solicitou o relatório médico com todas as informações referentes ao caso para anexar ao processo que vai dar entrada no tribunal.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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