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Espaço de Respostas Integradas às Dependências implementado na DS de São Vicente

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A Delegacia de Saúde de São Vicente vai ter Espaço de Respostas Integradas às Dependências (ERIDs), no quadro do projecto “Tratamento e Reinserção Social dos Toxicodependente”, em parceria com o Escritório das Nações Unidas para o Combate a Droga e Crime. Este foi um dos pontos discutidos na reunião para sensibilizar e envolver os parceiros de São Vicente neste projecto, de forma a darem uma melhor resposta ao tratamento das toxicodepencias, realizada esta manhã na DS.

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Depois de um primeiro encontro com o delegado e técnicos da Delegacia de Saúde na terça-feira, a psicóloga da Comissão de Coordenação do Álcool e outras Drogas (CCAD) voltou a reunir-se hoje com os parceiros em São Vicente: Hospital Baptista de Sousa, o Centro de Terapia de Toxicodependente, Câmara Municipal, Delegação do Ministério da Saúde, de entre outros. “Estes encontros têm como base a implementação de um serviço de ambulatório intitulado Espaço de Respostas Integradas às Dependências (ERIDs). Trata-se de um serviço de base comunitária para o tratamento das dependências e que propõe oferecer todas as respostas em um único lugar”, diz Osvaldina Araújo.

O serviço, afirma, surge em resposta às muitas dependências, designadamente do álcool e outras drogas, tabaco, e também no futuro dos jogos e outros. “Este serviço vai dar às pessoas as respostas que precisam, em tempo oportuno. Baseia-se no modelo ‘one stop shop’, ou seja, é um balcão único de atendimento onde podem encontrar todos os serviços necessários aos toxicodependentes. Vai ficar na Delegacia de Saúde e terá uma equipa multidisciplinar constituída por médico, psicólogo, serviços sociais e exames clínicos por forma a atender as diversas necessidades dos toxicodependentes.” 

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Parceiros de São Vicente

Neste balcão, prossegue, os toxicodependentes serão avaliados e tratados no serviço ambulatório, onde terão ainda respostas a nível da reintegração na sociedade. “O objectivo é ter menos internamentos, até porque em Cabo Verde temos apenas dois centros de tratamento do Governo, um na Praia e outro em São Vicente. O nosso propósito, no fundo, é evitar que as pessoas sejam retiradas da sociedade. Passam a ser trabalhadas na sua comunidade”, pontua, sustentando-se na experiência da ERIDs Praia, em funcionamento desde 2015.

Já temos uma experiência-piloto com bons resultados e que está agora a ser expandida para outros concelhos. Por exemplo, já foi implementada em Santa Cruz e, em breve, Santa Catarina de Santiago, Brava, Sal e S. Vicente. É difícil tratar no ambulatório ou em regime de internamento, mas estamos a apostar no melhor e, conforme a sua situação, oferecer uma resposta imediata. O problema da toxicodependência tem vindo a agravar no estrangeiro e a situação repete-se em Cabo Verde. Também sabemos que as pessoas começam a consumir cada vez mais cedo. Há estudos a mostrarem isso.” 

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Apesar deste cenário pouco favorável, Osvaldina Araújo diz estar satisfeita com o aumento da procura por tratamento por parte dos toxicodependentes e seus familiares, o que demonstra, do seu ponto de vista, que a mensagem tem estado a passar e os exemplos de recuperação são vistos por outras pessoas. “Estamos conscientes que o tratamento/recuperação anda de mãos dadas com as recaídas, mas dependem essencialmente das pessoas e da importância e forma como encaram os tratamentos. Enquanto psicóloga, vejo isso a longo prazo. Temos casos de sucesso e, se conseguirmos recuperar uma pessoa, já é muito ou que não consome em um dia já é um ganho”, sublinha. 

Aumento do uso de drogas em S. Vicente

Enquanto anfitrião deste encontro, coube ao delegado de Saúde dar as boas-vindas aos presentes e falar das expectativas da implementação deste projecto em São Vicente. De forma clara, Elisio Silva assumiu que o problema do alcoolismo e de outras drogas está a aumentar na ilha, mas também os “bocas de fumo”. “Quem anda pelas ruas vê como São Vicente está em termos de prostituição, muitas vezes derivada do consumo de droga e álcool. Queremos uma ilha cada vez mais saudável e virada para o turismo. Mas, para isso, temos de preparar a nossa população para trabalhar onde queremos”, frisou. 

O Delegado de Saúde de São Vicente destacou os muitos hotéis que estão a entrar em funcionamento, consequentemente a vinda de mais turistas e estrangeiros, o que exige uma melhor preparação, sobretudo dos jovens, a nível dos diferentes sectores para ajudarem no desenvolvimento da ilha.  “Temos de dar oportunidades de vida às pessoas e, principalmente, evitar que entrem na vida da droga, da prostituição, alcoolismo, etc,” reforça Elisio Silva.

Por isso, este encontro com os diferentes parceiros das áreas da educação, saúde – a nível da atenção primária que oferece consultas de psiquiatria nos Centros de Saúde -, sendo certo que de madrugada tudo vai desembocar no banco de urgência hospital – e ainda do Município, através dos vereadores dos pelouros da Saúde e do representante do presidente da Câmara de São Vicente, concluiu.  

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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