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CMSV remove casas de lata de Alto Doca: Moradores dizem não ter para onde ir

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Fiscais da Câmara de São Vicente removeram na manhã de segunda-feira duas casas de lata, localizadas no Alto Doca em São Vicente, alegadamente por serem clandestinas e o terreno pertencer a um terceiro, que pretende erguer a sua habitação no local. Os moradores, que dizem não ter para onde ir, garantem que as casas estão a ser removidas apenas porque a zona é privilegiada por ter uma das melhores vistas da cidade do Mindelo.

As casas que estão a ser desmanteladas pertencem a Gladson Rodrigues e Maria de Fátima. Ao Mindelinsite, Nelson contou que a sua casa foi erguida no local há cerca de 30 anos. Foi construída por uma tia, que a passou para a sua mãe, até chegar às suas mãos. “Há meses fomos chamados na Câmara Municipal e informados que teríamos de desocupar o terreno. Na altura, dissemos que não tínhamos para onde ir. Como insistiram, chamamos a televisão. Quando foram ouvir a CMSV, contaram uma versão que nunca tínhamos ouvido. Disseram que nos ofereceram terreno em outro local e ajuda para erguer as nossas casas e recusamos. Mas isso não corresponde à verdade. Nunca negamos terreno porque nunca nos foi oferecido”, diz.

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Hoje, prossegue, chegou do trabalho e encontrou os fiscais da CMSV a desmantelar a casa, onde mora com um irmão. “Não tenho onde ficar. Já coloquei as minhas coisas em casa de um amigo e agora vou ter de me desenrascar. Felizmente não tenho filhos. Mas a outra mulher, Maria de Fátima, morava na sua casinha com os filhos e está na rua”, desabafa Gladson Rodrigues, realçando que, mesmo que a CMSV venha a oferecer-lhe terreno, não tem recursos para construir outra casa. “A minha casa já era velha e não pode ser transportada para ser afixada em outro local. Pelo que ouvi do vereador, a Câmara vai nos oferecer terreno em Portelinha, mas não vou conseguir erguer uma outra casa porque não posso arcar com as despesas.”

O vereador responsável pelo Pelouro de Fiscalização na CMSV explica que esta é uma situação que se arrasta desde Fevereiro. Segundo José Carlos, o terreno pertence a um privado, que quer construir a sua habitação no local e não consegue porque estas duas famílias construíram no lote casas de forma clandestina e agora recusam a desocupá-lo. “A CMSV disponibilizou lotes para estas duas famílias em Tchã d´Vital, mas recusaram. Depois oferecemos uma segunda alternativa em Portelinha, inclusive o proprietário do terreno se prontificou a ajudá-los, mas voltaram a recusar. Como o terreno tem dono, logicamente, tem de ser desocupado”, assegura.

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Confrontado com a informação de que um dos moradores afirma que a casa for erguida no terreno há cerca de 30 anos, o autarca diz desconhecer esta informação, até porque o jovem que mora numa delas sequer tem esta idade. Sabe sim que as casas são clandestinas e que recebeu os moradores, mas não se chegou a acordo. “Temos todo o processo e posso confirmar que lhes foi oferecido alternativas, que não aceitaram”, finaliza José Carlos.

Na zona, os vizinhos não têm dúvidas de que o único motivo que leva a Câmara de São Vicente a remover estas duas famílias é porque a zona ficou mais valorizada. Por outro lado, tem uma das melhores panorâmicas do Mindelo.

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Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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2 Comentários

  1. Goste e bom diabo,pelo menos pel da és coitado um alternativa justa e humana,ma jal vende tud és txom e pó se crepim n bolso…..manhente

  2. Sendo verdade, muito dificilmente a 30 anos atras o terreno tinha um outro dono. Com a valorizacao do local, de uns dez anos a esta parte, o “mais fraco” e que tem de sair. Caso recorrente de vender a vista e empurrar o coitado para longe

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