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CCS-Sida vai lançar campanha directa e assertiva voltada ao público LGBT

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O Comité de Coordenação e Combate ao VIH-Sida (CCS-Sida) vai lançar no final deste mês uma campanha com mensagens directas e assertivas com fogo na saúde e respeito para a comunidade LGBT cujo propósito é aumentar a informação sobre o VIH-Sida no contexto da Covid-19. A Secretaria Executiva, Maria Celina Ferreira, alega que esta crise sanitária tem impacto  emocional, psicológica e económica diferente sobre as pessoas, em particular sobre os portadores do VIH pelo que se exige uma abordagem diferente.

Maria Celina Ferreira teme sobretudo que os ganhos conseguidos no combate ao VIH-Sida ao longo dos anos possam  em risco porque todas as atenções estão concentradas na pandemia. “Penso que as demais doenças estão ameaçadas. É neste sentido que decidimos lançar esta campanha para reforçar na segmentação da abordagem. Este è um ano em que temos de mostrar maior solidariedade e maior responsabilidade com a saúde. É este o espirito da nossa campanha”, explica a SE do CCS-Sida.

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Nesta empreitada, o comité conta com parceira do Verdefam e também da Associação Cabo-verdiana LGBT. Juntos estas três instituições querem chamar a atenção para a necessidade de adopção de comportamentos saudáveis e seguros, como o uso correcto de preservativos, gel lubrificantes e realização de testes de VIH. “Queremos fazer cartazes e spots com chamadas de atenção porque neste momento temos limitações de proximidade, seja com os nossos animadores ou activistas. Por isso decidimos reforçar a nossa campanha na área social na rádio e televisão para mostrar que estamos juntos e que melhores dias virão”.

Mais solidariedade 

A campanha com spots audio e video será lançada no final de novembro para assinalar o Dia Mundial de Luta contra o VIH-Sida, que se celebra a 01 de Dezembro. A ideia é chamar a atenção para a necessidade de solidariedade, sobretudo para com os grupos vulneráveis, incluindo a comunidade LGBT. Isto porque, diz Celina Ferreira, os dados que o CCS-Sida dispõe foram conseguidos através de estudos e mostram que a comunidade LGBT está a ser estigmatizada e discriminada pela sociedade e pela família. 

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Cita, como exemplo, a recente agressão ao jovem em S. Vicente por causa da sua opção sexual, mas diz que há outras pessoas que são exiladas economicamente ou verbalmente. “O CCS-Sida quer incluir todos, não quer que ninguém seja marginalizado. Queremos justiça, responsabilidade e mais humanização na abordagem. Somos seres humanos iguais e devemos ter toda a liberdade, dentro do respeito”, frisa esta responsável, que aproveita para avançar que um conjunto de actividades alusivos vão ser concretizados de meados durante o correntes mês de novembro até meados de dezembro. 

Autonomia financeira 

Não obstante ser este um ano atípico, Celina garante que o Comité tem vindo a trabalhar com as pessoas que vivem com o VIH a nível da autonomia financeira, tendo em conta que a maioria é pobre e não tem rendimento. “Estamos a capacitar estas pessoas em arte de cabedal e outros para que possam aprender a fazer algo e a ter algum rendimento. Também oferecemos apoio psicossocial, trabalhamos com estas pessoas a nível do VBG, particularmente na questão do apoio à família para lidar com o confinamento e prevenir eventuais casos de violência”, pontua, exemplificando com as campanhas na radio e TV. 

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Paralelamente, no terreno estão a desenvolver actividades de despiste de VIH e Hepatites nas cadeias, e testes à Covid-19. Está previsto ainda a realização de uma mesa redonda sobre o VIH. No caso de S. Vicente, trata-se de um trabalho conjunto Delegacia de Saúde, Verdefam e Morabi que contempla, para além do despiste destas doenças, formações e divulgação de spots sobre álcool e outras drogas e também sobre o VIH-Sida. 

De referir que, neste momento, a prevalência geral do VIH-Sida em Cabo Verde é de 0,6%, sendo 0,4% nos homens e 0,7% nas mulheres, segundo o último Inquérito Demográfico. Não obstante esta prevalência baixa, Celina Ferreira alerta para “bolsas de incidência”, ou seja, para a existência de alguns grupos mais afectados, nomeadamente usuários de drogas, pessoas com deficiência, homens que fazem sexo com homens e profissionais do sexo mulheres. “Nestes grupos a prevalência é duas vezes superior a da população em geral. Isso chamou-nos a atenção para fazer uma abordagem diferente, mais assertiva, fazendo um trabalho de proximidade junto destas pessoas para vermos se reduzimos a incidência do VIH-Sida em Cabo Verde.”

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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