Aconteceu na manhã deste domingo, em São Vicente, a 14ª Caminhada Rosa – Juntos pela Vida, evento que integra as atividades do Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização e ações de prevenção ao câncer de mama. Organizada pela Liga Cabo-verdiana Contra o Cancro, a caminhada voltou a reunir centenas de pessoas – mulheres, homens, jovens e crianças – que coloriram as principais artérias da cidade do Mindelo de rosa.
A concentração para a tradicional “Caminhada Rosa” aconteceu na sede da Liga, de onde centenas de pessoas saíram em marcha pela Avenida 12 de Setembro, seguiram pela Rua 1 Monte Sossego, Polivalente, Esquadra Policial, Av. Abílio Duarte, Djon Miller, Praça Estrela, Rua de Praia, Avenida Marginal rumo à Lajinha. Reuniu pessoas que já venceram o câncer, familiares de vítimas da doença, simpatizantes da causa, representantes de entidades civis e comunidade.
De acordo com a médica Laidinha Delgado, esta caminhada é um fechar das atividades do Outubro Rosa, promovidas pela Liga. ‘Com esta caminhada, pretendemos sensibilizar ainda mais as pessoas para a problemática do cancro de mama, doença que afecta grande parte da população mundial e que Cabo Verde não foge a regra. Entendemos que quando a mulher, e as pessoas de uma forma geral, têm consciência, procuram ajuda com a devida antecedência.’
A representante da Liga lamenta que em Cabo Verde ainda não se faz o despiste do cancro de mama. Neste sentido, afirma, o objectivo é ensinar as mulheres a fazerem o autoexame. ‘As mulheres se conhecem e podem fazer o autodiagnóstico e confirmar ou não a doença junto dos serviços de saúde. O objectivo é esclarecer sobre esta doença, a forma como a podem detectar precocemente, através do autoexame e da mamografia, exame que dá mais certeza da existência do cancro.’
Sobre a inexistência do despiste no país, Laidinha Delgado deixa claro que se trata de uma questão política, pelo que prefere não responder. Admite, entretanto, que existem clínicas que já oferecem os exames. No entanto, o acesso a todas as mulheres, sobretudo as mais carenciadas ou que moram longe dos centros, ainda é precário. ‘Como não se faz o rastreio, ninguém se preocupa em chamar estas mulheres para fazer o exame. Dificilmente procuram ajuda. Se houvesse um programa de rastreio, todas as mulheres a partir dos 40 anos seriam obrigadas a fazer uma mamografia’, sublinha.
Optimista, esta médica diz acreditar que, em breve, será possível fazer rastreio do cancro de mama em Cabo Verde. Se o cancro for detectado precocemente, afirma, 90 por cento dos doentes podem ter cura. ‘O tratamento, nestes casos, é mais suave, sem grandes custos e a mulher consegue vencer a doença. Nos casos em que é diagnosticado tarde, o tratamento é mais prolongado, agressivo e, muitas vezes, sem resultados. Por isso mesmo, um dos nossos cartazes traz os dizeres ‘Mamografia não é luxo, é um direito’. Permite o diagnóstico precoce.’
Confrontada com a inexistência de um mamógrafo no Hospital Baptista de Sousa, Laidinha Delgado optou por não responder, limitando-se a dizer que está reformada, ou seja, fora desta estrutura pelo que prefere não posicionar sobre o assunto. Reforçou entretanto que o exame de mamografia é um direito. ‘Tenho consciência de que boa faixa da população não consegue ter acesso à mamografia. Sei que os privados oferecem este exame, mas tem um custo que nem sempre é acessível à população.’
Em jeito de remate, chamou a atenção para a existência de outros tipos de cancros. Citou, por exemplo, o cancro da próstata que é assinalado em novembro, lembrando que o objectivo é incentivar e alertar as pessoas para esta doença de uma forma geral. Para isso, assevera, ao longo do ano a Liga realiza campanhas de informação e de educação para a saúde, onde aproveita para alertar as pessoas para um estilo de vida saudável – atividade fisica, não fumar, uso de bebidas alcoólicas com moderação e, principalmente, alimentação saudável -, que diminui grandemente o risco de câncer e outras doenças