Uma ala de formação, com quatro salas de aula, uma arrecadação e uma casa de banho é a mais nova aquisição da Cadeia de São Vicente, resultado de uma parceria com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, no quadro do projecto “Profissionalizar para reinserir”. A edificação durou três meses e contou com mão-de-obra 100%, desde o mestre de obra, electricidade, pedreiros e pinturas, sendo que estes dois últimos foram formados dentro da cadeia.
Esta ala de formação vai permitir a este estabelecimento prisional realizar várias formações em simultâneo, desde aulas de alfabetização do primeiro ao 8º ano de escolaridade e os cursos profissionalizantes de carpintaria e mecânica, destacou o director da Cadeia, Agostinho Correia, que aproveitou para agradecer a todos os que contribuíram para que a inauguração do espaço. “Quero deixar um especial agradecimento ao nosso parceiro, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ao sub-chefe Carlos Cruz, que iniciou obra como responsável e, com a sua saída para reforma, foi substituído pelo colega Manuel Lopes. Agradecimento os nossos colaboradores, que de forma direta ou indireta deram o seu contributo. Igualmente aos reclusos que executaram esta obra”, sublinhou.
Sobre a obra, Agostinho Correia explicou que o edifício foi construído no ano 2002 e, depois de mais de 20 anos, abandonado criando constrangimentos a nove ida segurança da Cadeia – já foram encontrados ali escondidos produtos que eram arremessados de fora -, a direção deste estabelecimento prisional decidiu apresentar uma projecto de remodelação do espaço ao casal de missionários desta confissão religiosa. “O nosso projecto foi prontamente aceite e aprovados pelos membros da igreja”, afirmou este responsável, salientando a importância do trabalho que esta vem desenvolvendo em prol da reinserção dos reclusos, ex-reclusos e menores no Centro Orlando Pantera.
No caso desta cadeia, o projecto “Profissionalizar para reinserir”, foi pensado com intuito de criar condições físicas para que os reclusos possam participar em formações e, quando sairem em liberdade, serem enquadrados a nível profissional na sua área de formação, disse. “A formação profissional nos estabelecimentos prisionais assume uma especial relevo como instrumento promotor da reinserção social de reclusos e, consequentemente, à prevenção da reincidência criminar”, justificou, destacando que, neste sentido, a oferta de formação nas cadeias é constante, definida e programada.
Com este propósito, foram criadas duas salas equipadas com ferramentas e maquinas para receber formações nos domínios de carpintaria e mecânica. “Com a formação na área de carpintaria, por exemplo, os formados constroem mobiliário para serem vendidos para adquirir outros materiais para formação de outros colegas e para manutenção dos equipamentos”, enfatiza, destacando que, neste momento, a cadeia tem vários projectos de formação para apresentar aos parceiros. Mas, primeiro, tinham de criar condições para o efeito. E a primeira formação a ser ministrada no espaço será de arte em cabedal, numa parceria com o Centro de Emprego e Formação Profissional. Segue-se um curso de inglês, com apoio da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Em representação desta Igreja, que financiou o projecto na totalidade, Elton Sequeira, mostrou-se satisfeito por testemunhar a inauguração do espaço multiuso e lembrou que a confissão trabalha com a cadeia em vários projectos que salvaguardam os direitos dos reclusos, nomeadamente o direito a educação. “O espaço vai ser usado para a alfabetização e para a formação profissional. Mas também apoiamos outros projectos que referem aos cuidados de saúde. E hoje os reclusos têm uma ala de formação com espaço com melhores condições para treinamento e formação, para poderem desenvolver competências profissionais e, a cima e tudo, reforçar as capacidades humanas, que são importantes para a reinserção dos mesmos, após cumprirem as suas penas.”
Para além desta razões, Sequeira explica que a sua igreja a que pertence aceitou apoiar o projecto porque muitos dos reclusos são pais e, ao sairem da cadeia com uma formação, poderão ter condições para melhor inserir no mercado de trabalho e assim ajudarem as suas famílias. “Este é o sonhos que pudemos ajudar a concretizar. Mas há muitos outros e esperamos poder continuar a revelar, junto com a cadeia. Este apoio, tal como muitos outros, foram graças às contribuições dos membros da igreja. ”
De referir que, em jeito de retribuição, o casal de missionários Joe e Linga Haynes foram agraciados com um diploma de reconhecimento e um presente simbólico. Foram ainda distinguidos alguns funcionários da Cadeia, caso do sub-chefe Carlos Cruz e do colega Manuel Lopes.