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Bombeiros apresentam reivindicações pelas ruas do Mindelo: A. Neves aceita (finalmente) negociar

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Os Bombeiros Municipais percorreram na manhã desta terça-feira algumas das principais artérias do Mindelo, com partida do Quartel e término na Praça Dom Luís, para dar a conhecer as condições de trabalho e, na sequência, exigir mais efectivos, folgas e promoção. A manifestação foi aplaudida pelos mindelenses e, no final, estes forma surpreendidos com a cedência, finalmente, do presidente da Câmara Municipal, que aceitou finalmente sentar à mesa para negociar com estes profissionais. 

As reivindicações dos bombeiros são antigas, mas nunca tiveram uma resposta  positiva da entidade patronal. Aliás, recentemente o edil A. Neves, em conferência de imprensa, tentou desvalorizar estas exigências, dizendo que são uma classe privilegiada e, inclusive, auferem um salário superior aos vereadores. Por conta disso, também nunca aceitou dialogar directamente com esta classe profissional. “Tivemos até agora três encontros na Direcção do Trabalho e um no Paços do Concelho, mas o presidente nunca esteve presente. Enviou o jurista e a diretora dos Recursos Humanos da CMSV, que infelizmente não têm poder de decisão,”afirma o representante do Siacsa.

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Sem alternativa, inclusivamente relativo aos serviços mínimos, diz Heidi Ganeto, optaram por realizar esta manifestação, que será sucedida de uma greve com duração de seis dias, ou seja, de 28 de dezembro a 2 de janeiro, caso até lá as reivindicações dos bombeiros não sejam atendidas. “Estamos disponíveis para dialogar apenas com o presidente. Enquanto isso, vamos manter a nossa posição. A greve arranca às 8h de quarta-feira, sem serviços mínimos. Talvez a CMSV venha a recorrer à requisição civil por causa disso. Está na lei e a Câmara tem este direito. Esperamos que da reunião prevista para as 11h30 de hoje, com A. Neves, saia um acordo para se suspender esta greve.”

Concentração no Quartel dos Bombeiros

Do caderno reivindicativo inicialmente apresentado pelos BM constavam seis pontos: promoção, folgas, mais efectivos – neste momento são apenas 11 -, subsidio de risco, avaliação de desempenho e ainda sobre os bombeiros que actualmente estão em casa e que já deviam estar na reforma por conta da idade, mas que estão à espera da promoção. Mas foram reduzidos para três, considerados os mais prementes: promoção, folgas e mais efectivos. “Desconhecemos qual é a patente com que vão para a reforma. O mais estranho é que o próprio presidente diz desconhecer quem são os bombeiros que estão em casa. São efectivos que já ultrapassaram o tempo de serviço previsto nos estatutos, que é de 32 anos”, refere Ganeto, destacando o caso de um dos soldados da paz prestes a completar 60 anos. 

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O mais caricato, defende este dirigente sindical, é que os seis bombeiros que estão em casa receberam ordem do Comandante da Corporação por causa do limite de idade e por problemas de saúde, o que demostra uma falta de coordenação entre este e o presidente da CMSV. “É completamente falsa a declaração do presidente de que os bombeiros são uma classe privilegiada e inclusive auferem salário superior aos vereadores. Um bombeiros de terceira classe tem um salário de 44 mil escudos, mais subsídios de risco e de alimentação, totalizando pouco mais de 50 mil escudos. Já um de primeira classe a sua remuneração não passa dos 70 mil escudos”, enfatiza. 

De acordo com Heidi Ganeto, nem os bombeiros e muito menos o sindicato estão a brincar, pelo que pede mais respeito e dignidade. Também é por isso que continua disponíveis para negociar. “Estamos conscientes que, nesta altura, paralisar a corporação, é complicado porque a população vai ficar em risco. Mas precisam fazer uma chamada de atenção porque neste momento os bombeiros estão a trabalhar com apenas dois elementos por turno. Acho que o presidente desconhece o Estatuto dos Bombeiros, que estabelece que a corporação deveria ter no mínimo 30 efectivos. Neste momento tem apenas 11 activos, dos quais dois estão de férias. Estão a trabalhar com nove bombeiros.”

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Este dirigente sindical desabafa dizendo que o presidente da CMSV nunca teve a preocupação de responder directamente aos bombeiros, apenas através da comunicação social e com inverdades. A prova disso, afirma, foi a dificuldade enfrentada pela corporação no último fim-de-semana para remover um corpo encontrado no Norte da Baía. “Esta foi uma prova gritante das dificuldades dos bombeiros. Foram acionados e deslocaram-se ao local. Depararam com um cadáver, mas o número insuficiente de elementos não permitia fazer o seu levantamento. Tiveram de recorrer às Forças Armadas para subir com o corpo numa duna de areia, com o corpo em uma maca. E isso demorou muito tempo.”

Esta insuficiência de recursos humanos, acrescenta, foi sentida de forma contundente também nos dias 24 e 25, em que os bombeiros receberam muitos pedidos de socorro, mas eram apenas dois elementos de serviço, o que acabou por condicionar de forma significativa os atendimentos.

De referir que, hoje, estava também prevista uma manifestação dos trabalhadores do Saneamento da CMSV, que teve de ser cancelada devido a fraca mobilização e da negociação com o edil.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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