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“Amdjer d’Txeu Luta”, um projecto de empoderamento de mulheres e jovens em S. Vicente prestes a completar dois anos

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Há cerca de dois anos, a Associação de Peixeiras do Mindelo, com  financiamento da Embaixada de Espanha em Cabo Verde e a Cooperação Espanhola, trabalha no projeto “Amdjer d’Txeu Luta”, que visa melhorar as condições económicas da população ligada a pesca artesanal, nas comunidades de São Pedro, Calhau e no Mindelo. Este projecto já contabiliza muitas realizações, mas o mais importante sem dúvidas é o incentivo e o empoderamento que vem conferindo às mulheres e jovens.

Ao Mindelinsite, a representante da omg Paz e Desenvolvimento e responsável pelo projeto “Amdjer d’Txeu Luta”, Estíbaliz Táboas informou que trabalham em toda a cadeia da pesca artesanal, desde a situação dos ecossistemas, as medidas legais para fomentar uma pesca artesanal mais sustentável, o fortalecimento das associações ligadas a economia azul e as peixeiras. 

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O projeto incluiu também a formação profissional de mulheres e jovens na área da pesca em vários aspectos como a segurança, higiene e consciência ecológica e segurança e, segundo Estibaliz, tem sido um desafio. Após a formação, os pescadores recebem uma cédula, que é um requisito legal com a qual trabalham e que confere a estes alguma segurança no exercício desta atividade, embora ainda haja muitos destes profissionais que trabalham sem esta autorização. 

De momento, afirma, estão a desenvolver muitos projectos vinculados a economia azul, mas também no sector da pastelaria, cafeteira e bar, preparação de refeições, e que estão ligadas ao turismo nas áreas costeiras. “Todos estes planos têm uma forte transversalidade na questão da igualdade e equidade de género. Incentivam a luta pelos direitos e a dignificação no colectivo das peixeiras e dos tratadores, ou seja, do sector da pesca artesanal no geral.”

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De acordo com a coordenadora, as formações menores na maioria das vezes decorrem no “quintal” do Mercado de Peixe. No entanto, quando necessitam de espaços maiores com material adequado e melhores condições procuram parcerias ou alugam um salão. Estíbaliz garante que, nestes quase dois anos, conseguiram muitas parcerias, indicando que, a Associação de Peixeiras, enquanto responsável pela implementação do projecto, tem trabalhado com a Ong Coopera, que faz parte da sua gestão. 

Afirma que as Associações de Pescadores de São Pedro e Calhau são “muito importantes” para o seu sucesso. Igualmente, a Associação Comunitária de Desenvolvimento de São Pedro, o Ministério do Mar e toda sua estrutura, a CMSV, a ICIEG, OMCV, empresas privadas, entre outros, a níveis distintos. Lembra que, no inicio, não havia tantos projectos focados nesta área. No entanto, várias propostas foram surgindo, infelizmente com resultados aquém das expectativas. Cita, no entanto, algumas propostas inovadoras e com resultados “muito positivos”, caso por exemplo da produção de peças de artesanato com escamas de peixe ministradas pela artesã Ronise Cardoso.

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Paralelamente, e em parceria com o ICIEG, afirma, trabalharam inúmeros temas e desenvolveram atividades lúdicas, praticas, workshops e vivências, focados na autoestima, na saúde emocional, de entre outros. Destaca uma formação teatral, que durou três meses e teve forte adesão das comunidades piscatórias. Esta permitiu aos formados terem autoconhecimento e maior domínio da comunicação, estreitar os laços, desenvolver uma escuta ativa e terem empatia uns com os outros. 

O resultado mais visível desta formação foi o espetáculo teatral “Peles”, escrito e dirigido por Patrícia Évora da Escola Teatro Xpressá. Trata-se de uma peça que gira a volta de varias situações representativas da violência baseada no género e que permite desconstruir padrões socialmente impostos que levam ao ciclo de violências relações afetivas abusivas. 

Das três vezes que a peça foi exibida, conseguiu lotar o Centro Cultural do Mindelo. Foi igualmente um êxito nas comunidades, pontua Estíbaliz Táboas , acrescentando que também estão a desenvolver  um programa virado para a alfabetização nas comunidades, uma adversidade da qual não tinham consciência da sua real dimensão. Mas que, dos contactos no terreno, puderam perceber que existe um elevado número de pessoas analfabetas.

A representante da ong Paz e Desenvolvimento e coordenadora do projeto “Amdjer d’Txeu Luta” explica que têm também em carteira a realização de campanhas de limpeza das praias, apadrinhadas pela Marina do Mindelo, mas que carece de maior suporte da Câmara Municipal de São Vicente, que se recusa disponibilizar contentores nas praias.

Andrea Lopes (Estagiária)

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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