O advogado Amadeu Oliveira cumpriu a promessa e entregou Arlindo Teixeira, acusado e condenado por homicídio no país, aos seus familiares em França. Disse no entanto estar frustrado com a situação da justiça em Cabo Verde, onde muitos inocentes estão a “pagar muito caro”. Em sentido contrário, a satisfação do seu constituinte era visível após “abusos” da justiça, que o levou a ter pensamentos suicidas. “Tivemos uma oportunidade e aproveitamos. Mas prometo voltar para prestar contas quando a justiça estiver limpa”, garantiu Teixeira num directo no Adilson Time.
Em declaração ao Mindelinsite via Whatsup, Amadeu Oliveira afirmou que o seu sentimento é de frustração porquanto a sua preocupação não é apenas com o Arlindo Teixeira. “A minha questão é fazer uma reforma da justiça em Cabo Verde. Arlindo Teixeira é um caso entre muitos. Precisamos de uma reforma profunda na justiça. Não podemos concentrar no Arlindo. Temos de ver a reforma da justiça na globalidade. Há muitos outros inocentes a pagar muito caro no país”, declarou o advogado, que se mostra no entanto satisfeito por ter “cumprido” com Teixeira.
“Arlindo Teixeira já é passado. Agora temos é de preocupar com a reforma global para que não haja mais Arlindos Teixeira”, reforçou Oliveira, reforçando que pretende regressar a Cabo Verde no “primeiro voo”. “Prometi dormir 48 h após a entrega do Arlindo aos familiares, mas foi impossível. Mas este já está. Arlindo Teixeira é um entre muitos. São situações que temos de ver na globalidade”, frisou este causídico, que se diz preparado para arcar com todas as consequências deste seu acto. “Estou preparado para a guerra, para tudo. Não me interessa ser preso“, acrescentou.
Já Arlindo Teixeira não cabia em si de contentamento por estar em casa, com a família. “Ninguém sabe o alívio que estou a sentir por estar na França, junto da minha família. Já não estava a poder aguentar tanto abuso a que fui submetido. Estive encarcerado dois anos, 8 meses e 26 dias. O Tribunal Constitucional ordenou a minha soltura. Aguentei ainda mais 3 anos de medida de coação, ou seja de prisão domiliciar”, descreveu no “Adilson Time”
Este garantiu ter cumprido tudo o que foi determinado, mas ficou inconsolável quando recebeu o seu passaporte e foi-lhe renovado a prisão domiciliar. “Não podia sair para a rua e a polícia estava sempre dentro da minha casa. Iam inclusive no meu quarto para ver se eu estava a dormir. A minha cabeça já não aguentava mais tanto abuso”, revelou, confirmando assim as declarações de Oliveira que afirmou que este pensava no suicídio.
Teixeira aproveitou a oportunidade para acusar a Polícia Nacional de “falta de respeito” e abuso de poder, alegando que as autoridades nunca poderiam entrar dentro da sua casa e do seu quarto para ver se estava a dormir ou não. “Não podia nunca fazer isso, pelo que só tenho a agradecer o Dr. Amadeu Oliveira por tudo o que fez por mim. Aproveitamos a única oportunidade que tive e hoje estou em minha casa, junta dos meus.”
Este prometeu, no entanto, voltar a Cabo Verde para responder perante as autoridades depois de recuperar o seu discernimento mental e a justiça estiver “limpa”. “Eu já não estava a viver, limitava-me a sobreviver. De manhã à noite, pensava em suicídio, em acabar com o meu sofrimento. Tenho um filho de sete meses em Cabo Verde. Imagina a situação da minha mulher. Foi a minha única solução. Mas pretendo voltar”, reafirmou.
Revoltado, Arlindo Teixeira acusou a justiça de forjar testemunho para o poder incriminar, quando sabem que estava mais de 30 metros afastado da vítima, quando este o atacou. Limitou-se a defender.