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Advogado ameaça accionar MP para tentar desbloquear situação de Sul-africanos retidos em SV

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O jurista Olavo Freire ameaça accionar o Ministério Público para tentar desbloquear a situação dos seis Sul-africanos que estão retidos em São Vicente desde o dia 14 de julho. Este causídico aponta como última diligência antes de avançar para a justiça um encontro com o Director Nacional da Polícia Nacional para se discutir esta questão, após ter-se reunido com o Director de Emigração e Fronteiras (DEF), sem resultado. 

Ao Mindelinsite, o advogado explica que o encontro com Justiniano Moreira foi no mínimo estranho por conta da postura do DEF, na cidade da Praia. “O que posso dizer é que este senhor é de uma incompetência que é de bradar aos céus. Ele está à frente de um serviço sem fazer a mínima ideia da sua função. Alega, imagina, que a rota traçada pelo grupo deve ser por ele estabelecido e que os cidadãos não podem seguir nenhum outro. Ou seja, o DEF quer definir o destino de viagens destes visitantes”, acusa.

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Olavo Freire explica que os turistas decidiram seguir viagem para o Brasil, via Portugal, mas este responsável não permite de forma nenhuma. “O DEF alega que estes cidadãos não podem seguir esta rota, mas não justifica esta sua decisão. Limita-se a dizer que estes devem seguir o percurso declarado quando chegaram ao país, ou seja, não podem mudar de ideia e alterar a sua rota a meio percurso”, diz, voltando a repetir que o ir e vir é um direito de qualquer cidadão, mas o DEF não entende. 

É inacreditável. Um policial quer decidir para onde os visitantes devem seguir”, desabafa, realçando que o grupo entrou em Cabo Verde, na cidade da Praia, vindo do Senegal. Na altura, os seis Sul-africanos declararam que vieram passar alguns dias de féria no país. Da Praia viajaram para São Vicente e agora pretendem seguir para o Brasil, com trânsito por Portugal. “O DEF entende que, como não informaram na chegada que pretendiam seguir para São Vicente, prestaram falsas  declarações.”

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Foi por causa disso que o SEF (Serviço de Emigração e Fronteira, em S. Vicente), mandou reter estes cidadãos, refere, garantindo que todos os seus documentos são legais. Por outro lado, diz, Cabo Verde tem o princípio de reciprocidade com a África do Sul, permitindo a livre circulação e, com os seus passaportes, podem entrar no Brasil ou outro país da América. “Por isso não entendo porque o SEF quer determinar a escolha de pessoas para países que pretendem visitar e rotas que pretendem fazer, sendo que estão dentro da legalidade.” 

Inconformado e sem resposta do SEF, Freire procurou o Director de Emigração e Fronteiras, mas também saiu de mãos a abanar. Agora tenta como última diligência, antes de avançar para a justiça, uma resposta do Diretor Nacional da Polícia Nacional ou o Ministro da Administração Interna porque, diz, estes cidadãos não podem continuar a ser impedidos de viajar por uma decisão arbitrária. 

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Ainda não consegui falar com o Ministro, mas estou a tentar o Director Nacional da PN. Infelizmente, todos os canais que estou a accionar se mostram intransponíveis. Se não conseguir, vou para a via judicial porque não vejo como desatar este nó administrativamente”, desabafa, prometendo avançar com uma queixa contra o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras o mais rápido possível, se calhar amanha. 

A queixa deverá ser apresentada em São Vicente porque o impedimento foi nesta ilha.

Este caso tem estado a ser seguido pelo Mindelinite e já conseguiu falar com o Comandante Regional da PN e o Comandante do Serviço de Emigração e Fronteira, mas ambos remeterem este jornal para a Direcção de Emigração e Fronteira, que prometeu inteirar-se dos factos e responder às nossas questões. Entretanto, desde então não atendeu a nenhuma das nossas ligações.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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