A primeira campanha do Banco Alimentar, programada para os dias 1, 2, 3 e 4 de Julho, foi reestruturada para seguir as medidas de segurança e evitar a propagação do coronavírus. A presidente do organismo, Ana Hopffer Almada, avança um cenário único desde que a campanha iniciou, isto é, sem os habituais voluntários à porta dos estabelecimentos.
O caminho, diz, vai passar por sensibilizar os proprietários das lojas e supermercados para que permitam que caixas sejam colocadas nos estabelecimentos, de forma a arrecadarem alimentos dos clientes, sem colocar nem os voluntários e nem os doadores em risco. “Todo trabalho costuma ser feitos pelos nosso voluntários, que são formados e estão devidamente identificados como sendo do Banco Alimentar. São eles a nossa espinha dorsal”, refere. Por isso teme que o número de donativos diminui.
Com a situação atual, o BA não coloca metas para esta nova campanha, mas prevê maiores dificuldades em sensibilizar o público , apesar de admitir que as pessoas em Cabo Verde são naturalmente solidárias.
A presidente assegura que estão a ponderar ainda se realizam campanhas online. Realça que a organização testou esta modalidade na altura do Estado de Emergência e conseguiram os resultados pretendidos. Mas garante que doações diretas, feitas por empresas e particulares, foram mais eficazes, principalmente pela empresa Arquipélago Internacional
Por serem campanhas seguidas, a presidente deste organismo espera que não inibe as ajudas.“Por causa da Covid-19 aumentaram os pedidos de ajuda, além das pessoas identificadas pelas associações que sempre apoiamos. Na Cidade da Praia temos 300 famílias e em São Vicente 160. Mas, desde o Estado de Emergência, os pedidos aumentaram exponencialmente”, assegura.
Almada adianta que, na capital do país, surgiram mais pedidos de cestas básicas, mas a prioridade foi o público vulnerável que costuma ser apoiado, cuja situação ficou ainda mais difícil. Mesmo assim, não deixaram de ajudar vendedeiras ambulantes e lavadores de carro e outras pessoas que ficaram privadas de poder trabalhar. “Para além do grupo que costumamos ajudar, conseguimos apoiar mais 600 pessoas, entre vendedeiras, carpinteiros, pedreiros, lavadores de carro, de entre outros,” garante Ana Hopffer Almada.
A presidente do BA explica que, no total, foram abrangidas mais de 21 mil pessoas somente na ilha de Santiago, a que se juntaram as 160 famílias em S. Vicente e outras 100 na ilha do Fogo. Isso fez aumentar de forma significativa a quantidade de alimento arrecadado durante o EE.
Em Dezembro Almada acredita que a situação estará normalizada e a campanha irá decorrer com menos sobressaltos. O Banco Alimentar, refira-se, foi criado em 2012 e recebe doações ao longo do ano, mas estes são mais visíveis durante as campanhas, realizadas duas vezes ao ano.
É constituído por mais de 200 voluntários na cidade da Praia, em São Vicente e no Fogo. No momento foi adiado o processo de nacionalização do Banco Alimentar, com a abertura de representações nas outras ilhas, como está definido no plano do organismo.
O foco neste momento, de acordo com Ana Hopffer Almada, como tem sido feito pelo organismo a que o BA pertence, a Fundação Donana, é de sensibililizar e educar as pessoas para a cidadania. Esta remata dizendo que espera desenvolver nas pessoas competências para que tenham comportamentos responsáveis, sabendo que o vírus continua presente.