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Carta aberta à sua Excelência Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas 

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Em resposta à publicação no Boletim Oficial de 12 de Junho de 2025 referente à minha pessoa, venho por esta denunciar o assédio moral de que tenho sido alvo desde 12 de Dezembro de 2021. 

Tudo começou no dia 9 de Dezembro de 2021, quando dois funcionários públicos foram visitar o Museu, uma Senhora por nome de Larissa do Ministério das Finanças e um Senhor do Ministério do Ambiente, levando a feliz notícia de que o Banco Mundial havia selecionado o Museu do Mar para beneficiar de obras de requalificação, tendo  Senhora Larissa mencionado que as mulheres que ali trabalham seriam incluídas no mencionado projecto. Foi com muita satisfação que acompanhei os citados numa visita guiada ao museu. 

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Para o meu espanto e indignação, dois dias depois dessa visita, recebi um e-mail de serviço ordenando que eu fosse substituir um colega no núcleo museológico Cesária Evora que ia entrar em gozo de férias. Isto significava que teria de me submeter ao desempenho de funções nada compatíveis com a minha categoria de técnica especialista nível I.

As condições de trabalho no núcleo museológico implicavam que teria de ficar sozinha num espaço público sem as mínimas condições de segurança e exercer funções de recepcionista. No exercício dos meus direitos, recusei-me a cumprir essas instruções, sob pena de pôr em causa a minha integridade física e a minha dignidade pessoal e profissional. 

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Apesar disso, tentaram entregar-me as chaves do núcleo museológico de forma informal e avulsa, o que não aceitei.

Passou o Natal, mês de Janeiro, Fevereiro. Em Março de 2022, veio uma comitiva da Praia com o antigo presidente IPC, a Directora dos Museus, fizeram uma reunião de apresentação supostamente de uma nova equipa que na verdade revelou ser posteriormente a contratação de um novo indivíduo que passaria a desempenhar as minhas funções, mesmo com a minha presença no local, transformando-me numa figura inútil e invisível ao longo do tempo.

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O meu computador avariou-se e por ordens superiores foi enviado à Praia e voltou três meses depois, enquanto que o novo funcionário recebeu um computador novo. 

Pouco tempo depois o meu computador voltou a ficar avariado para nunca mais e fiquei na minha sala, já transformada em depósito de arcas congeladoras pertencentes à Associação das Peixeiras de S.Vicente, e outras peças do deposito museológico que deixou de existir para dar lugar ao espaço destinado à Associação das Peixeiras, conforme instruções superiores. Enquanto que o novo funcionário recebia as tarefas que anteriormente eu desempenhava, eu recebia e-mails para ir tratar assuntos de contas de luz e água na Electra.

Todas essas anormalidades/iniquidades estão amplamente manifestadas na troca de e-mails entre mim e as diversas chefias, os quais funcionam como prova desta exposição.

Durante muito tempo pouca atenção era dada ao Museu do Mar pelas tutelas, trabalhávamos com poucas condições mas íamos fazendo as coisas. O certo é que tudo isso começou imediatamente após recebermos a notícia que Museu do Mar tinha sido selecionado para beneficiar de obras de requalificação pelo Banco Mundial.

Eu, mais do que qualquer um, desejo ardentemente que a minha situação laboral seja normalizada, com condições de trabalho e de dignidade humana que todo e qualquer trabalhador merece.

Sou técnica do IPC com muita honra e pretendo continuar a trabalhar, se Deus quiser, até atingir a idade para a minha aposentação.

São estas as considerações que me cabe fazer na sequência da publicação no Boletim oficial desta data do aviso número 01/2025 do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas – IPC

Os meus respeitosos cumprimentos.

Isa Dora Lélis Lopes Silva

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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