Antigamente, no Estádio da Fontinha, apesar das bolas pesarem três quilos, não as bolas de algodão da atualidade, havia jogadores que se destacavam pelo remate muito forte. No início da década de setenta, o duelo entre o Mindelense e a Académica animava o futebol na ilha do Monte Cara.
Por: João Delgado da Cruz
No primeiro jogo do campeonato, num sábado à tarde, Ibraltino, campeão com o Mindelense e possuidor de um potente remate, rematou uma dessas bolas de Cauchu com tanta força que ela foi parar na cozinha do clube do Castilho…
… estavam a cozinhar uma Cachupa rica para os jovens jogadores, cachupa feita em lenha. Cachupa para unir a malta no início do campeonato. Seria servida quando os jovens castilhanos regressassem da Fontinha onde se tinham deslocado para ver mais um Mindelense x Académica a abrir o campeonato…
… a bola, caprichosamente, caíu dentro da panela, justamente no momento em que a cachupa começava a ferver.
O Castilho nunca tinha sido campeão, amiudamente ultrapassado pelo Mindelense, Académica, Derby e Amarante, num campeonato de cinco equipas…
… espantosamente, nesse ano de 1972/73, os jogadores que comeram a cachupa, Teobaldo, Nony, Focá, Lis Canela, Tôtô, Arlindo d’Bia de Porto, Jon Cristina, Pelé, Jon de Júlia, Lucio d’Sal, Jon Bená, Second, Quim, Dudu, Ney, Pascoal, Porfírio… sagram-se campeões de Cabo Verde e em 1973/74 são campeões de São Vicente. Um feito extraordinário.
Era um regalo ver jogar os rapazes que comeram a Cachupa de Bola…
Proponho ao meu amigo, presidente Emanuel Rodrigues, vulgo Pê Leve, que crie um monumento com uma panela de cachupa a entrada do clube.