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A Urgente necessidade de planos de prevenção e emergência nas escolas

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Odair Ramos

Com o aproximar do início das férias escolares, estando os alunos a cumprir os últimos testes, espero que cada um consiga alcançar os objetivos e naturalmente aproveitar da melhor forma o tão esperado verão. Por outro lado, é também momento para fazermos uma avaliação do que foi o ano escolar e os desafios que nos esperam para o ano que vem.

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A minha preocupação com os aspetos que dizem respeito com a segurança não me deixam ficar quieto nem calado, perante o que temos assistido nos últimos tempos, com a crescente escalada de episódios de violência nas escolas de Cabo Verde ou nas suas proximidades. Estes incidentes envolvem, muitas vezes, alunos e, em alguns casos, até pessoas estranhas ao ambiente escolar. A situação é alarmante e exige uma resposta imediata, estruturada e eficaz por parte das autoridades e da sociedade como um todo.

As escolas devem ser, antes de tudo, espaços seguros de aprendizagem, desenvolvimento e convivência saudável. No entanto, a realidade atual revela vulnerabilidades preocupantes, não apenas no que diz respeito à segurança física dos alunos e profissionais da educação, mas também à capacidade das instituições escolares de reagirem de forma adequada a situações de risco. Para além da violência, há ainda ameaças de natureza tecnológica, como incêndios causados por curto-circuitos ou falhas elétricas, e riscos naturais, como chuvas intensas, ventos fortes ou sismos, frutos das alterações climáticas que também requerem uma atenção especial.

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Planos de Prevenção e Emergência

Diante desse cenário, é fundamental que cada escola do país disponha de um Plano de Prevenção e Emergência devidamente elaborado, socializado e testado. Esses planos não devem existir apenas no papel. Devem ser construídos com base na realidade de cada comunidade escolar e envolver todos os atores — alunos, professores, pessoal administrativo, pessoal auxiliar, encarregados de educação — para que cada um saiba como agir em situações de crise.

Mais do que isso, esses planos devem ser partilhados e ensaiados com entidades externas com responsabilidade na resposta a emergências, como a Polícia Nacional, os Corpos de Bombeiros e os hospitais ou centros de saúde locais. Uma atuação eficaz exige coordenação interinstitucional e um conhecimento claro dos procedimentos e das funções de cada parte envolvida. Os simulacros e ações conjuntas de formação são fundamentais para garantir que, em caso de necessidade real, a resposta seja rápida, eficaz e minimamente traumática.

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Sensibilização para uma cultura de Segurança.

Para além da componente técnica e operacional, não podemos negligenciar a importância da educação e sensibilização da comunidade escolar. É essencial implementar programas contínuos de sensibilização sobre a cultura de paz, a resolução de conflitos, a cidadania responsável e a prevenção de riscos.

Nesse sentido, sugere-se a introdução progressiva de conteúdos sobre proteção civil e segurança nos currículos escolares, adaptados de forma evolutiva a cada ciclo de ensino.

Desde os primeiros anos, as crianças podem aprender noções básicas de autoproteção, comportamentos seguros e resposta a emergências, introduzindo nos níveis mais avançados os conhecimentos sobre riscos naturais, primeiros socorros, cidadania ativa e organização do sistema de proteção civil. Esta abordagem não só promove uma cultura de prevenção e resiliência desde cedo, como também prepara os jovens para atuarem com responsabilidade e eficácia em situações de risco.

Em suma, garantir a segurança nas escolas não é uma tarefa apenas das direções escolares ou do Ministério da Educação. É um dever coletivo, que deve envolver toda a comunidade educativa e as instituições de proteção civil e segurança. A criação e implementação de planos de prevenção e emergência, aliados a ações de sensibilização e treino prático, são medidas urgentes e indispensáveis para proteger os nossos alunos, professores e demais profissionais da educação. Só assim poderemos assegurar um ambiente escolar verdadeiramente seguro, propício ao ensino e ao desenvolvimento integral das nossas crianças e jovens.

É agora o tempo de agir — para que o próximo incidente não nos encontre desprevenidos.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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